MOMENTOS BIZARROS DA VIDA DA ANITA
A Cueca de Oncinha



O meu irmão, reproduz um comportamento típico de muitos gays, talvez maioria.
Da Ideia de que não existem homens héteros.
Que o mundo é gay.
E a tendência que eles têm em competir com mulheres. Bixa até aceita perder para outra bixa, mas pra mulher...
Esse meu irmão então, é tão "vagabunda", piranhão ou simplesmente "tão mulher", que não respeitava nem a melhor amiga. Mesmo ela, sendo aquela que lhe apresentava seus futuros pretendentes.
Ele cantava os namorados dela na cara de pau.
Quando um destes, ia comentar com ela, a resposta era essa:
"Porque você deu confiança!"
Nesses tempos o Waldir era o alicerce dessa garota. Pagava o aluguel, fazia as compras da casa, em troca...
Todo homem que passava por seu currículo social, nem que seja por apenas cinco minutos em sua vida, numa ocasião qualquer, ele dizia que o cara era homossexual.

Ou por tê-lo já visto numa boate gay de Nova Iguaçu, ou por a pessoa que, mesmo aquela, que tudo que fez foi dizer "Oi, prazer, meu nome é tal, tenho que ir..." trocou olhares comprometedores com ele.(...) Se Você comentava sobre alguém, a resposta era essa:
_Conheço, ele vive olhando pra minha cara!
_Ele olha tanto pra minha cara!
_Nunca tira (ou nunca tirou) os olhos de mim!
Uma vez conversando com uma conhecida, ela toda entusiasmada, disse que um cara, muito bonito, estava afim dela.
Waldir, miseravelmente cruel, sem pudores, sem temer em destruir as pretensões da garota em ter um namorado, soltou na lata:
_Conheço, ele é viado. Já foi afim de mim!
No dia seguinte, no meio de expediente do ferro-velho, aparece um cara de calça e jaqueta, num calorão.
Pediu pra chamar pelo Waldir, chamei e fui fazer o meu serviço.
Os dois conversaram cara a cara. Na verdade somente ele falou. Waldir ficou calado o tempo todo.
E ele partiu.
Waldir entrou em casa muito puto.
Era o cara, que estava paquerando a conhecida dele, a quem ele atestou pra pobre da garota, que o seu crush era do babado.
A menina, fez o que eu faria. Foi direto na fonte saber. E perguntou ao rapaz, qual era realmente a dele.
Waldir deu sorte.
Desconfio que esse cara, foi para o ferro-velho armado ou estava com febre...
Talvez pelo ferro-velho estar cheio ou simplesmente pela sensatez que naquele momento o dominou, ele apenas deve ter feito severas ameaças ao meu irmão, caso esse papo (mentira) se repetisse.
Ou quem sabe ele simplesmente mostrou a arma que Waldir nunca gostaria de ver. Um 38, talvez...
O cara era mesmo gay encubado? Poderia até ser, mas pelo histórico do meu irmão... Fica difícil dar crédito ao que ele diz.
Ele ficou puto com a garota. Que não se desculpou, apenas queria saber a verdade, se ele foi no ferro-velho tirar satisfações, ela não teria como saber ou impedir.

Uma vez, saímos eu, Palmeirão, Toninha, e Waldir.
Por uma razão até então desconhecida. Por cada rua que Waldir passava, todos os olhares, dos homens principalmente, voltavam para ele. Risinhos, alguns jogando beijinhos.
Foi o dia de diva dele.
Seu ego e sua postura inflaram.
Palmeirão é quem estava sem graça. Toninha prendia o riso. Depois que fui entender.
Ele começou a caminhar sempre alguns passos na nossa frente.
Aí, eu descobrii o motivo do seu “sucesso”.
Ele estava com um short branco, transparente, que deixava à vista a metros de distância, a sua cueca(?). Sabe, aquela que somente os gays usam? Que mais lembra uma calcinha. Com laterais finas e frente e trás cavados? Ainda por cima era de oncinha.

Contudo, dessa vez, ele passou ao lado de uns moleques, que não “brincaram” com ele, debochando, embora ele não percebesse nada disso antes.
Eram uns cinco.
Todos começaram a gargalhar de forma alta, totalmente descontrolada, ao ver um homem musculoso, de quase dois metros, usando tanga de oncinha, que havia acabado de passar por eles.
Não sei se dessa vez entendeu a natureza de seu “sucesso” entre os homens. Eu não me lembro. Mas qualquer um se ligaria que era o motivo da explosão de risos dos moleques numa situação assim. Onde acabasse de passar por um grupo e logo em seguida, antes quietos, o grupo começasse a rir.
Todos ao ver aquilo, não se continham...
No deboche e na falta de respeito, jogavam beijinhos para ele, ou o olhavam fixamente, não acreditando no que via.

O mundo é gay?
Nesse dia não foi...

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