MOMENTO BIZARRO DA VIDA DA ANITA
Bizarro? Momento Assustador Mesmo!

Era um pouco tarde. Fomos acordados como um furacão pelos meus pais.
Sob gritos, nos arrumamos, sairíamos para não sei onde.
A família entrou toda no carro.
Fomos parar em algum lugar em Nova Iguaçu, num hospital particular. Eu sem entender nada, acho que meus irmãos também.
Fomos levados a um quarto particular, onde estava internada minha prima Elvira.
Estava consciente, mas muito fraca.
Ninguém nos falou nada. Ficamos em volta da sua cama. Escutei a Elvira sussurrar que era o seu fim.
Minha mãe tentava consolá-la.
Meu pai saiu do quarto, muito transtornado, acho que eu quis ir com ele, ou ele me chamou, não lembro.
O hospital era grande, os quartos possuíam um janelão de vidro, onde eu via os internos. Acredito que deveria ser maternidade também.
Meu pai caminhava rápido, estava difícil acompanhá-lo.
Foi quando ele parou, virou-se em minha direção, e levantou o braço para me bater.
Só tive tempo pra arregalar os olhos e congelar de medo.
Esta cena ficou décadas na minha cabeça.
Me perguntava o que fiz de errado para incitar a ira de Seu Miro.
Será que ele simplesmente queria aliviar o stress, afinal, havia acabado de ver a sobrinha à beira da morte, e alguém deveria fazer o papel de saco de pancada.
E porque esse momento tão longínquo da minha vida, me perseguiu por tanto tempo?
Não poderia simplesmente ignorá-lo e esquecê-lo?

Meu pai era um poço de ignorância.
Injusto, violento, pornógrafo, infiel, quase tudo de ruim.
O que me faz então procurar alguma explicação pelos seus atos insanos?
Ele literalmente relinchava dentro de casa!

De qualquer forma. Um milagre aconteceu.
O bom senso o dominou.
Deu de costas pra mim, e continuou com o seu passo apressado, eu muito assustada, morrendo de medo, mas sem ter opção, continuei atrás dele.

Elvira se recuperou.
Meu tio poderia ter lá seus defeitos, mas o fato de fazer de Elvira, sua enteada, dependente no plano de saúde da Petrobrás, fez com que ela tivesse  acesso aos melhores tratamentos possíveis na época.
Ela sofre de um tipo de anemia não curável, apenas tratável: anemia hemolítica.
O que ouvi na época, é que o sangue que a salvou, foi importado dos EUA. Não sei se isso é verdade. Mas ela tá viva até hoje, infelizmente, aquela seria a primeira das suas internações que se repetiria ao longo da sua vida por causa da doença.

Quanto ao meu pai...
Deixa pra lá.
Cansei de tentar entender esse ser, tão pouco o momento de terror que vivi há mais de três décadas. Deveria ter me livrado dessas sensações há muito tempo.
Já tenho traumas demais para administrar por ter nascido numa família tão disfuncional.




https://www.minhavida.com.br/saude/temas/anemia-hemolitica



Comentários

  1. Acho que ele se irritou com o barulho da sandália no chão de alumínio no hospital. Como ele era um cara que batia em qualquer lugar e situação, realmente me congele de medo. Ele adorava bater na gente quando tinha visita em casa. Era Como Ele se exibia para visita completamente sem graça com a situação.

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