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Mostrando postagens de julho, 2016
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COPACABANA Fiquei surpresa quando descobri que Rosa, há quase vinte anos, possuía um ponto nas areias de Copacabana. Era situada em frente ao posto 4, hoje, basta descer na estação do metrô e caminhar à praia que encontrávamos a sua barraca. Nela conheci personagens reais, comuns em todo lugar, mas que foi o meu primeiro contato com gente da Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao todo, me decepcionei. Eram tão pobres como eu. Rosa me explicou que Copacabana era o subúrbio da Zona Sul. O bairro é recheado com prédios cujos apartamentos são minúsculos. Pequenos mesmo. Em suma alugados. Um aluguel, para os padrões da Baixada, caro, porém, valia à pena: perto do trabalho, próximo ao mar... Flor foi a freguesa da Rosa que mais me chamou a atenção. Beirando os quarenta anos, porém, vinte anos de sol, a envelheceu mais que o devido, era loira “verdadeira” com cabelo liso e ralo, baixinha, no peso ideal. Pelas suas costas o povo fazia escárnio da mulher: Vinte anos de pra
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O BATE-BOLA Se nos países de língua saxônica, existe o Dia das Bruxas, que é o dia em que um portal se abre para que almas do submundo caminhem sobre a terra. No Brasil, embora sem a consciência de todos, temos o carnaval. A festa da carne. A festa pagã, condenada pelos cristãos, amada pelos pagãos e pelos cristãos-umbandonblezistas, que antes dele, fazem os seus ebós de limpeza e proteção e depois dele, vão para a missa de quarta-feira de cinzas receberem as bênçãos do padre. No carnaval, quem não deve, não teme, e sai à rua para pular a sua alegria, quem deve, sai assim mesmo, porque são apenas quatro dias por ano e não dá pra se esconder nos dias em que o país inteiro sai às ruas para brincar. Rosana tomou um verdadeiro pavor do carnaval. Diz que estava entre a multidão na grande festa, toda feliz a cantar, bailar com a sua cerveja na mão, quando um desconhecido que estava ao seu lado, cai duro no chão, atingido por um tiro. Tiro que ninguém ouviu. Atir
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CIRANDA CIRANDINHA Fui ao inferno Buscar o meu chapéu Vermelho e preto Da cor deste céu Ouço os gritos de terror Meus pés não se queimam Caminhando neste ardor Onde está o meu chapéu? Ninguém me diz nada? Olha a roda (que) roda roda roda Olha o pé pé pé Se no inferno aqui caminhas Condenado você é Condenados são aqueles Que afundam na maré As brasas não me queimam E atrás do meu chapéu Caminho pela lava a pé Mergulho no mar de fogo Fervente com afogados a gritar Não sou uma condenada Uma criança entre almas a penar Condenados não me fazem parar Saia enquanto é tempo Ele roubou para te atrair Doce, ingênua criança Nas armadilhas do diabo  Vai cair Afundada no mar de fogo Meu corpo queima como brasa Não sinto dor Ele brilha como uma lamparina Extasiada, começo a dançar como bailarina Criança, não zombe do demônio Em algum lugar ele gargalha Com o seu chapéu Ele acredita que essa luta já venceu F