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Mostrando postagens de 2022

Amanda

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  AMANDA   “Às Vezes eu pensava que era filha de alguma amante do meu pai.” “Filho de urubu nasce branco.” "Você é piranha? Sou sim, saio com os homens das outras!" Amanda não gostava do seu sobrenome. Sempre respondia quando lhe perguntavam "Amanda Pavone", e se apresentava como realmente nossa irmã.   Algumas frases que ouvi da boca da Amanda, há outras bem mais pesadas, ofensivas, horrendas, mas preferi não escrever nesse epitáfio.   Epitáfio Epitáfio, pois Amanda morreu.   Fazia uns dois anos que não a via. Nos vimos pela última vez no início da pandemia. Batemos um papo ameno. Estava trabalhando na Fundação Oswaldo Cruz há quase uma década, chutou a bunda do negão que metia o cacete nela, quando eu perguntei por ele. Celebrava estar sozinha, que pela primeira vez tinha um cartão de crédito de 5000 reais, que em menos de uma década, ela se aposentaria. Amanda foi testemunha da minha infância, testemunha. Apesar de termos a mesma idade,

Momentos Bizarros da Vida da Anita - O Menino Tarado

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MOMENTOS BIZARROS DA VIDA DA ANITA A gente não tinha mochila, a gente tinha "pasta" A sobriedade era a regra nas pastas escolares das crianças O MENINO TARADO Se o seu pai tivesse muito, muito, mas muito dinheiro mesmo, talvez você poderia ter uma dessas, que fugia da regra geral. Acho que foi na série segunda primária ou primeira série mesmo, foi bem antes de eu conhecer as "verdades do mundo". Por isso, não entendi o comportamento e o entusiasmo do rapaz, e quando disse que queria ver também, ele me deu um sonoro não. Era o fundão da sala de aula. Ao meu lado, um grupo de garotos. Um deles tira da pasta escolar, bem diferente das atuais mochilas, eram malas quadradas, com cara de sério, sem o colorido atual, algo meio escondido em suas mãos, levanta para o alto, como se exibisse um tesouro, chamando a atenção dos seus colegas. Essas somente para as classes de alfabetização. Um filhinho da mamãe talvez a usasse na segunda série... Nada fala, apenas continuava a exi

Ajudar alguém Sem perguntar quem?

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AJUDAR ALGUÉM SEM PERGUNTAR  QUEM?     Sabe quando você ajuda uma pessoa de coração, sem esperar por retorno nenhum, e ainda assim se decepcionar ou se arrepender de ter ajudado? Eu mesma acho que magoei muito a pessoa que mais me ajudou. Então as palavras que lerá em seguida, não é de nenhum santo sobre um pedestal. Não é de alguém que está aqui pra julgar o juízo e nem as pessoas aqui mencionadas.   Rosa foi uma pessoa que sempre ajudei, e ela teve vários momentos de fome ao lado de Fatinha. Mas não poderia fazer muito, neste momento em que ela me pediu comida. Trouxe legumes ela agradeceu sem graça, embora desconfie que ela, mesmo necessitada,  deu os legumes para minha prima Maria, que morava no mesmo quintal. Não falarei sobre ela, falarei sobre o seu caso, a Telma, com quem ficou morando, depois de terminar com Fatinha.   Telma era pedreira, tinha uma espécie de trabalho fixo na casa de uma família, mas costumava pegar serviços aqui e ali. Então, quando

ORQUÍDEA NEGRA

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  QUADRINHOS QUE ME INFLUENCIARAM Como Orquídea ela fica "pelada" o tempo todo. Roupa, somente quando entre os humanos.   Orquídea Negra Neil Gaiman & Dave McKean     Há décadas que não leio quadrinhos. Chegou um momento que a caçada contra os mutantes estava me cansando, e chegando na idade adulta, eu me perguntava, quando os X-men transavam. Afinal, eles saiam de uma aventura para outra. Atualmente, visito sites de quadrinhos, pois na banca, acho caro, e mesmo assim, dificilmente leio os quadrinhos publicados a partir dos anos 2000. Ao que parece, tá tudo uma merda. O fascismo dos X-men, em criar um país somente para os mutantes, a perseguição dos roteiristas e quadrinistas aos valores que moldaram os quadrinhos desde a sua criação: fé, família, heroísmo.   A DC larguei um pouco mais tarde. Nos anos 90, comprei um dos capítulos de uma minissérie que estava acompanhando: Orquídea Negra. Li no trem, e antes de chegar na minha estação terminei a

ANTHONY

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ANTHONY Leia esse capítulo com essa música de fundo Se possui spotify, clica aqui e leia.   Daquele dia eu lembro do mar de sangue que tomou toda a casa, uma casa grande, quatro quartos, cinco banheiros, uma cozinha gigante casada com uma das salas, biblioteca... (minha tia tinha biblioteca!), livros antigos, gigantes, pesados, alguns possuíam tranca, e um super computador dentro dela. Ela não desfez dos livros, mas nunca dispensou o bom e velho Google. A grama do quintal ficou vermelha... As flores que não foram cortadas, amassadas, ficaram murchas, enegrecida e mortas. A grande árvore, marcas de corte no seu grosso tronco, em alguns via-se os anéis de uma árvore idosa, robusta, cansada. Independente do clima, da estação, sempre coberta com musgos ricos em vidas, seus galhos poderosos, verdadeiro condomínio de passarinhos, suas folhas em verde vivo, nesse dia ficaram marrom, os passarinhos, sempre havia ao menos um a cantar, silenciaram... Havia um lagarto no quintal, minh