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Amanda

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  AMANDA   “Às Vezes eu pensava que era filha de alguma amante do meu pai.” “Filho de urubu nasce branco.” "Você é piranha? Sou sim, saio com os homens das outras!" Amanda não gostava do seu sobrenome. Sempre respondia quando lhe perguntavam "Amanda Pavone", e se apresentava como realmente nossa irmã.   Algumas frases que ouvi da boca da Amanda, há outras bem mais pesadas, ofensivas, horrendas, mas preferi não escrever nesse epitáfio.   Epitáfio Epitáfio, pois Amanda morreu.   Fazia uns dois anos que não a via. Nos vimos pela última vez no início da pandemia. Batemos um papo ameno. Estava trabalhando na Fundação Oswaldo Cruz há quase uma década, chutou a bunda do negão que metia o cacete nela, quando eu perguntei por ele. Celebrava estar sozinha, que pela primeira vez tinha um cartão de crédito de 5000 reais, que em menos de uma década, ela se aposentaria. Amanda foi testemunha da minha infância, testemunha. Apesar de termos a mesma idade,