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Mostrando postagens de maio, 2017
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TÁ LÁ O CORPO ESTENDIDO NO CHÃO... Onde nasci, cresci e atualmente envelheço sempre foi um lugar mórbido, esquisito, estranho, vazio, escuro, perdido... Território fértil para a aparição de defuntos. Há a linha de trem onde até pouco tempo atropelamentos aconteciam, quando não suicídios. Os canos gigantes da CEDAE que margeavam um terreno até então vazio, perfeito para bandidos arrastarem a vítima para ali e fazer o que bem entendesse dela. Não havia iluminação na ponte até poucos anos atrás, poucas casas, e há o rio Sarapuí, famoso na baixada por ser local preferido de desovas de corpos. Mortos em Acari, costumavam encalhar onde moro. Dele, vi corpos frescos, corpos estragados, corpos emburacados, esqueça os que você assistiam no CSI e lhe causava nojo. A realidade é bem mais horrenda. Vi mulheres, mulher grávida, velhos, adultos e um bebê. O que havia em comum entre eles era a atração que causava às pessoas da localidade. Verdadeiros urubus que se
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A PISCINA DA RUA ARGENTINA Longe da praia e de uma cachoeira, porém perto do inferno. Esse é o resumo da Baixada Fluminense no verão principalmente nos anos 80. Onde moro por exemplo, pessoas iam com toalha de praia, roupa de banho e até bronzeador para um bicão, que ainda existe até hoje na linha do trem. Quando não furavam um dos canos da CEDAE para fazer dele um chafariz. Clubes nesses tempos eram coisas para ricos e esnobes. Uma ida à praia era quase uma operação de guerra. Começando pelas crianças da casa, que ficavam ao menos 30 dias aporrinhando seus pais com: "Vamos pra praia! Vamos pra praia?" Depois fazer um poupança para os gastos com a "viagem", e levar muita comida nas bolsas e mochilas. Somos sim farofeiros, damos jus a essas denominações. Somos odiados e evitados pelo povo das cidades praianas e com uma certa razão. Imaginem a euforia de todo um bairro e adjacências quando um classe média fodido em suas c
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A DESCOBERTA DO FEIO A primeira pessoa que chamei de feia foi a Valéria. Por influência da professora Auriane, que em toda aula gritava com a menina criticando o uniforme encardido da menina. Comentei com a minha mãe, e ela me fez levar um uniforme completo do ano passado para ela.  Sua intenção era boa, mas o tiro saiu pela culatra. Valéria nunca mais apareceu na escola depois que dei a ela um uniforme. Creio que dá pra concluir o que aconteceu na sua casa, quando chegou carregando uma bolsa com um uniforme da escola. Minha noção de feios ainda não estava formada, e nem me importava muito com isso. Priscila era uma colega de ônibus escolar. Nunca fomos amiga. Mesmo quando passamos a frequentar o mesmo turno. Ela nunca fez questão da minha amizade e quando tinha alguma oportunidade desdenhava de mim. Uma vez no ponto de ônibus eu estava com um grupo de garotas e ela mais afastada sozinha. Uma das meninas virou-se pra gente e começou a zombar da aparência da