A DESCOBERTA DO FEIO


A primeira pessoa que chamei de feia foi a Valéria. Por influência da professora Auriane, que em toda aula gritava com a menina criticando o uniforme encardido da menina.
Comentei com a minha mãe, e ela me fez levar um uniforme completo do ano passado para ela. 
Sua intenção era boa, mas o tiro saiu pela culatra. Valéria nunca mais apareceu na escola depois que dei a ela um uniforme.
Creio que dá pra concluir o que aconteceu na sua casa, quando chegou carregando uma bolsa com um uniforme da escola.

Minha noção de feios ainda não estava formada, e nem me importava muito com isso.
Priscila era uma colega de ônibus escolar.
Nunca fomos amiga. Mesmo quando passamos a frequentar o mesmo turno. Ela nunca fez questão da minha amizade e quando tinha alguma oportunidade desdenhava de mim.

Uma vez no ponto de ônibus eu estava com um grupo de garotas e ela mais afastada sozinha.
Uma das meninas virou-se pra gente e começou a zombar da aparência da Priscila.
Priscila era gorda, um carão enorme, olhos esbugalhados, cabelo (vou usar o termo e que se foda!) duro, curto, arrepiado e sua cor ainda era cinza.
Não ri, apenas fiquei encarando-a.
Se fez de surda e de desentendida, enquanto as outras meninas caçoavam e riam descaradamente dela.
Comigo sempre se fez de "valentona"...

PARTE II

TIA VERA E A GENÉTICA CRUEL


A tia Vera era uma professora que era o verdadeiro terror dos alunos pequenos, entre eles, o meu irmão Alex.
Era alta, cabelo curto, a mulher não tinha buço, ELA TINHA BIGODE!!! Sim, imagine o bigode do português da padaria, era idêntico ao dessa mulher (??), para piorar ela ainda tinha um vozeirão. Não vozeirão "Cassia Eller", era uma voz alta, potente, poderosa e muito mais grossa que a voz de muito homem!!!

Daí os pequenos morrerem de medo dessa senhora (??)

Sua filha estudava na escola.
Era bonitinha. Como a mãe só usava cabelos curtos.
Desde nova sempre foi antipática.
Na sua face, a eterna expressão de:
"Tenho nojo do mundo, de tudo que vive nele e isso inclui você"

ou então:

"Aquela expressão de aborrecimento e tédio, dando a dizer: odeio o mundo, desprezo tudo que vive nele, principalmente você"

Quando mais novas, vivíamos trocando caretas uma com a outra e não era de brincadeira.

Na saída da escola, estava eu no meu ponto de ônibus. Andreia caminhava a pé conversando com uma amiga. Até que meninos do meu lado da rua começaram a zoá-la.
_OLHA A MULHER BARBADA!
_CUIDADO COM A BARBUDA!
_SE MULHER COM BIGODE, NINGUÉM PODE, IMAGINEM ESSA BARBUDA!

Depois desse dia, talvez Andreia tenha se olhado no espelho com um pouco mais de humildade.
A genética lembrou-lhe que ela é humana, mortal e imperfeita... 


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