TÁ LÁ O CORPO ESTENDIDO NO CHÃO...
Onde nasci, cresci e atualmente envelheço sempre foi um lugar mórbido, esquisito, estranho, vazio, escuro, perdido...
Território fértil para a aparição de defuntos.
Há a linha de trem onde até pouco tempo atropelamentos aconteciam, quando não suicídios. Os canos gigantes da CEDAE que margeavam um terreno até então vazio, perfeito para bandidos arrastarem a vítima para ali e fazer o que bem entendesse dela.
Não havia iluminação na ponte até poucos anos atrás, poucas casas, e há o rio Sarapuí, famoso na baixada por ser local preferido de desovas de corpos. Mortos em Acari, costumavam encalhar onde moro.
Dele, vi corpos frescos, corpos estragados, corpos emburacados, esqueça os que você assistiam no CSI e lhe causava nojo. A realidade é bem mais horrenda. Vi mulheres, mulher grávida, velhos, adultos e um bebê.
O que havia em comum entre eles era a atração que causava às pessoas da localidade.
Verdadeiros urubus que se deslocavam correndo para "ver o morto". 
Já fui assim.
Hoje por respeito ao morto, não sou mais.
A idade avança, a morte se aproxima e hoje em dia não se morre mais apenas "quem estava devendo".
Morre quem não sabe de nada
Morre quem estava no lugar e hora errada
Morrem inocentes
Morrem até culpados.
Amanhã poderá ser eu, você, seu amigo, sua mãe, seu pai, seu irmão...
Não quero, não gostaria que morta, virasse atração de "circo dos horrores" para a plateia ainda fazer especulações sobre meu juízo, minha vida.
Essa música é dos anos 70, e já nessa década se criticava a banalização da violência. E hoje, hein?
 

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