ALMAS DE POBRE
A questão aqui, não é sobre apenas a
monetária. Falarei de almas medíocres, e que a pobreza e a desgraça que teimam
em reinar na vida dessas pessoas, é consequência do espírito baixo, pouco
desenvolvido que elas têm.
Pessoas que em determinado momento da
vida, tiveram uma chance, quase que um bilhete premiado e desperdiçaram, não
por intervenções alheias a sua vontade, como uma crise econômica ou sócios e
família roubando-lhes, e o fator violência.
Atualmente, tenho testemunhado vários
empreendimentos fechando suas portas por causa da violência. Todo e qualquer
empresário, se quiser ir adiante, tem que considerar o gasto segurança, que não
é barato.
FATINHA E MARIA
São minhas primas em segundo grau.
Elas eram primas da minha mãe, filhas da minha tia-avó Vina.
Embora Maria sempre falasse que
trabalhou para minha mãe várias vezes, eu até lembro dela em casa, bem criança,
nunca vi Maria em um emprego fixo.
Tia avó Vina, (Hetelvina) fugindo da foto. |
Passou boa parte da vida, às custas
do FunRural da sua mãe. Menos de um
salário, junto com dois filhos dela. Henrique e Luciano.
Para sustentar essa turma com tão
pouco, Maria comprava o básico do básico, pois o dinheiro ainda teria que
sobrar para suas comprar particulares.
Vivia de casa em casa. Na cara de
pau, pedia carne, leite, dinheiro, qualquer coisa ao anfitrião.
Não sei o que Maria almejava da vida.
Tia Vina viveu muito tempo, quando
ela morreu, Maria tinha pra lá de 40, sem carreira, sem trabalho.
Arrumou um macho que era como ela, trabalhava
uns meses, fazia de tudo para ser demitido para depois ficar o resto do ano
vivendo de direitos trabalhistas e seguro-desemprego.
Nos poucos trabalhos que arrumava,
com menos de um mês começava a faltar.
Maria vendeu parte do seu terreno por
600 reais na época. Todos aconselharam: Maria investe! Compra uma carrocinha,
um micro-ondas, vende pipoca com ele... Conselhos do que fazer com o dinheiro.
Gastou tudo com passeios, roupas,
acessórios, que findo a grana, voltou à sua miséria de sempre.
Nunca saia com Maria para lugar
nenhum. Ela te convida, e como aconteceu antes. No ônibus, ela entra na frente,
passa pela roleta e diz ao cobrador que você pagará a passagem dela...
Como Rosa morou no mesmo terreno que
ela, sabe bem o que é viver perto de Maria.
Ela sumia de casa cedo, deixava as
crianças ao léu, sem comida em casa, pois não tinha nada na despensa, chegava a
hora do almoço, as crianças tudo na porta da casa de Rosa com o prato na mão...
E assim levava a vida, Maria.
Ela só tinha empenho na sua religião.
Sabe-se lá como, mas ela tinha mais
obrigações que a Rosa. Rosa possuía apenas a obrigação de um ano, Maria tinha a
de sete anos. Poderia até abrir casa se ela quisesse.
Ela passou por umas vinte casas de
santo.
Fez o seu santo com Roberto de Logun,
tirou o kelê com o falecido Jabá, ficou meses em uma casa, saía, ia para
outra... E por aí foi.
Se ela esperava algo da macumba, a
religião nunca lhe deu nada. Bem... se lembrarmos o fato de que ela nunca
correu atrás de nada, e sempre viveu na aba dos outros, a religião lhe deu de
tudo, e um pouco mais...
Já falei sobre Fatinha aqui. A mulher que tudo
destruía. Ela e Maria eram bem parecidas. A diferença, é que, quando Fatinha
teve filho, embora se intitulasse sapatão, ela o entregou a sua mãe de santo
Folha. Não deixou a criança na aba da sua mãe biológica.
Rosa quando colou com ela, teve uma
queda vertiginosa no seu nível de vida. Fazendo surgir críticas sobre sua atual
situação:
“Antigamente Rosa vivia arrumada, bem
tratada, hoje tá feia e desleixada!”
“Rosa tá igual a uma mendiga! O que Rosa
viu em Fatinha?!”
As críticas eram cruéis, porém,
reais.
Rosa perdeu o último bem que tinha: a
barraquinha de refrigerante na praia de Copacabana.
Antes disso, ela, ao contrário dos
seus colegas de profissão, que conseguiam se virar o ano todo, vivendo de
praia, Rosa nunca mais viu dinheiro algum da barraca. Desde quando colocou
Fatinha à frente do negócio.
Podia ser o calor que fosse, Fatinha
nunca tinha o dinheiro da féria. Sempre com desculpas de movimento fraco, e
outras sem pé e nem cabeça.
Quando Rosa cismava de ir junto à
praia, era quando ela via o dinheiro. Clientes, os poucos que sobraram, pois a
ignorância de Fatinha espantou todos da barraca, fiéis a Rosa, avisavam:”
Fatinha sempre quando desmonta a barraca, vai para aquele restaurante ali em
frente, gastar o dinheiro todo.”
“Quando, ainda na areia, não pagava
rodada pra todo mundo ou comprava frangos assados para comer junto com os
“fregueses””.
Era um tipo de gente que não podia
ter 20 reais no bolso. Palavras da Rosa. Fatinha que era uma grossa, com 20
reais no bolso, era além de grossa, ficava esnobe, e na mesma hora, gastava o
dinheiro todo, simplesmente para se exibir.
Rosa morreu miserável, sem dinheiro
pra cuidar da própria saúde. Um ataque, sabe-se lá de que, a matou. Desconfio
que foi infarto. Uma vez ela me contou a história de como ela passou mal, e foi
parar num posto por causa disso. Os sintomas, tim-tim por tim-tim, descreviam
um princípio de infarto. Peso no peito, braço direito sem força, formigando. A
avisei reiteradamente, mas ela nunca me escutou. Ela sempre me teve como uma
maluca, que não deveria ser levada a sério, embora sempre recorresse a mim,
para pedir dinheiro emprestado...
Fatinha chegou a montar um sacolão.
Uma história meio que mal contada,
ela havia recebido 2000 reais de um cliente da praia. Do nada. E ainda contava
com mais dinheiro deles, ela chegou a abrir uma poupança para receber os
depósitos, mas eles não depositaram mais e desapareceram.
Fui visitar o seu sacolão:
Cebola preta, tomate mofado, pimentão
murcho.
Não iria muito longe com ele. E não
foi... Durou um mês e o dinheiro foi pro espaço.
A última vez que a vi, morando com
outra mulher, ela estava pensando em ir para São Paulo e correr atrás da
herança do tio Erpídio ou Euclídio, sei lá. Irmão da minha avó. Uma figura
grotesca que conheci pouco e detestei. Havia comprado terras em São Paulo, para
viver da sua roça.
Sempre que aparecia no Rio, dava
gordas gorjetas às sobrinhas. Em uma delas, coincidiu com o final de ano.
Fatinha comprou os presentes para o filho e afilhado, Maria foi pro mothel com
o namorado, mesmo não tendo nem o que comer direito em casa...
BISTECA E BILL
Bisteca é mãe de quatro crianças,
todas vivendo com tios e padrinhos. Tirados dela pela própria família.
Meu amigo Marcos, me avisou que
Bisteca não era minha amiga, que vivia falando mal de mim.
Eu mesma não sei quais razões eu
havia dado a ela, para falar tanto assim de mim.
Namorou o Bill, engravidou dele. Bill
é um retirante do nordeste, pernambucano, vivia no terreno da Light, ao lado da
ponte, na beira do rio.
Com o ferro-velho falindo, Bill
conseguiu emprego através de um motorista da SPK.
As pessoas têm uma ideia errada da
reciclagem. Que reciclagem é coisa de miserável, gente pobre.
Até é. Embora conheça vários
catadores com vida relativamente boa, apenas com reciclagem.
As empresas, pagam muito mais que
qualquer grande firma do varejo, como supermercados, e lojas.
Os peões, podem ganhar até mais que
muitos universitários. Não é um trabalho dos sonhos de ninguém, é peso em cima
da cabeça o dia inteiro, porém, se o peão for responsável, ele consegue viver
bem com casa, carro (usado) e filhos.
O Bill foi contratado na hora pelo
dono da SPK, o cara lhe deu tamanha moral, que o ajudou a regularizar os seus
documentos. Ele não tinha nenhum, nem a certidão.
Bill fazia compras no Carrefour,
comprava coisas caras para o filho, eletros para a casa, como DVD e máquina de
lavar.
Bisteca que parecia legal com todos,
virou uma histérica. Principalmente com a coitada da Luiza, que até então, eram
amigas.
Todo dia, um escândalo, uma briga,
gritaria. Às vezes era por causa de criança, outros por causa de coco de
cachorro, por ficar no portão, por causa de janela aberta. Depois de se
esgoelar o dia inteiro, chegava o Bill do trabalho, reclamava com ele e
começava tudo de novo.
Conheço um motorista da SPK, que é
freguês do Alex aos sábados. Ele aproveita o dia de folga pra comprar sucata
eletrônica e leva para o Alex vender.
Trabalha na SPK, desde os tempos
antes de Bill.
Cara, a empresa fez a sua festa de
final de ano, no sítio que o patrão aluga, a mulher dele começou a fazer
escândalo, porque Bill tirou a camisa e foi mergulhar na piscina.
Falei com ele:
“Controla essa tua mulher, Bill. O
patrão tá vendo, tá constrangendo toda a festa... Vai sobrar pra você!”
Bill também gostava de uma briga.
Ele, invés de combatê-la ou não jogar gasolina, inflamava ainda mais os ânimos
de Bisteca.
Bisteca gostava de um vinho, cerveja,
o negócio do Bill era crack, cocaína e maconha.
Um casal pólvora.
Bill começou a faltar
sistematicamente no trabalho, mas seu patrão ainda lhe deu uma chance:
“Se faltar de novo, vou te demitir.”
Ele faltou.
Foi demitido. Até hoje vive de catar
recicláveis na rua. Antes arranjaram um emprego de balanceiro de supermercado
para ele. Ficou 15 dias e desapareceu.
Essas coisas ninguém arruma pra
mim...
Adentro:
Tente imaginar uma economia
socialista, onde você, esforçado e disciplinado, se ver obrigado a ganhar o
mesmo que essas pessoas descritas acima.
Ou então, dividir toda sua renda com
elas, para que fique tudo “igual”.
Essa é a injustiça do socialismo.
Sim, existe os injustiçados pela vida,
mas são exceções. A maioria, mesmo que de forma inconsciente, não planejou ou
planejou errado a própria vida.
Essas pessoas podem ganhar na mega
sena acumulada, ficarão miseráveis em poucos anos.
Pense bem se você não é uma delas.
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