MÉDIUNS NA FAMÍLIA
Falarei de todo tipo de médium. Até mesmo os crentes. Eles alegam que as mensagens que recebem são "revelações", mediunidade com outro nome. E vão à merda quem discorda.
Tia Leninha sempre foi um componente da família complicado. Fui entender esse cancro bem mais velha, e o como ruim ela era. Não sei se de forma proposital, mas seu cinismo, sua arrogância espiritual, sua dualidade/falsidade nas relações, fez muito mal há vários membros da minha família, mas aqui, me atarei a uma característica dela, a sua mediunidade(?), sua fé descontrolada e irracional, tanto no evangelho, quanto na umbanda.
Se conversasse com ela, você veria o quanto essa mulher era instável ou ambígua na sua fé. Num mesmo parágrafo ela enaltecia o evangelho, denegria a umbanda, denegria o evangelho, enaltecia a umbanda.
Coerência era zero.
A coisa toda piorou, depois da morte de minha mãe, onde ela dizia que D. Aparecida havia lhe pedido para cuidar de seus filhos, (eu e meus irmãos).
Por causa dessa alcunha que sempre invocava em meio a algum questionamento da autoridade que tomou pra si, dentro de casa...
A família entrou num furacão de caos, brigas, gastos desnecessários, fofocas, acusações. Por meses vivemos sobre o histerismo de uma mulher totalmente descontrolada. Onde tudo que ela fazia, toda decisão tomada, ela dizia estar sobre aviso de alguma entidade, até mesmo o espírito da falecida.
Começou quando eu, acho que ainda na semana de luto, dormi exageradamente por horas a fio.
Uma reação comum do meu corpo a uma semana de stress. É comum pessoas desabarem literalmente em meio a tantas coisas ruins.
Fui acordada às pressas por minha tia, no início da noite, e levada à clínica de D. Iracema. Uma enfermeira picareta e crente, que se aproveitou, e muito do dinheiro, e da ingenuidade do velho. Aliada de Leninha.
Pra variar, ela dizia que recebeu um aviso de D. Aparecida sobre mim.
A médica Iracema merece um capítulo à parte na história da minha família. Mas fica aqui o aviso a você classe média, rico ou milionário, que conquistou o poder de pagar por um plano de saúde.
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Quando um médico descobre que tens bala na agulha, você será explorado, pra não dizer roubado mesmo. Virão sempre, e somente os exames mais caros, em clínicas e laboratórios da escolha dele, e a maioria inúteis, gravidade de doenças aumentadas, quando não inventadas, como não somos formados em medicina, não teremos como questionar. Com um plano de saúde, ele pode até fazer isso, mas não com o seu bolso...
Um pequeno exemplo foi com meu irmão Alex. Meu pai pagou por um profissional caríssimo, que atestou que sua coluna o impediria de praticar exercícios e fazer outras atividades físicas, lembro que Alex havia acabado de ser matriculado na badalada e nada barata academia Riva de Nova Iguaçu, comprado o kimono e tudo, mas Iracema proibiu, Dizendo que ele não poderia.
Alex faz musculação há mais de vinte anos, e vai muito bem obrigado...
Voltando a praga chamada Leninha...
Meus pais sempre foram de umbanda, mas eram discretos. Eu nem tinha ideia da religião deles. Apesar de ter sido levada a uma festa de erê com mais ou menos 7 anos. Não tinha ideia do que era aquilo. Apenas me diverti, brinquei, e comi muito doce e bolo.
Com tia Leninha no "comando" da família, a situação ficou fora de controle.
Toda semana vinha listas de velas e banhos para fazer na casa e com a gente. Qualquer briga entre ela o meu pai, era chamado a mãe de santo (hoje ela é crente, fechou o centro) para intervir, e quase sempre baixava um caboclo ignorante e intrometido.
Tia Jandira era aquela tia amorosa, legal, que sempre trazia guloseimas feitas por ela própria, às vezes compradas para a gente. Também trazia para os adultos, seu irmão e cunhada.
Minha tia veio nos visitar, trouxe uma batida para os adultos. Leninha não teve pudores em "alertar" toda a família para não beber a batida, pois ela estava enfeitiçada...
Tia Jandira nunca mais falou com a doida.
Todo dia as brigas eram homéricas dentro de casa, Leninha com meu pai, Leninha com sua irmã ou outro parente da família paterna que ousasse nos visitar.
Meu pai cada vez mais enrolado com gastos gigantescos com D. Iracema. Exames inúteis, invenção de doença, mas Leninha não estava satisfeita!
Levou toda a família para um médico espírita que atendia em São João de Meriti o Doutor Tupi
É necessário eu deixar mais claro aqui o comportamento irracional dessa mulher, exatamente nesse caso?
Qual a razão de levar todo mundo para um médico espírita?
Esse cara mandou cancelar quase tudo que a Iracema estava fazendo, receitou os remédios, todos comprados na sua "farmácia". Lembro que, de quando sentei a sua frente, ele começou a relatar um monte de doenças sem parar, quase tendo um piripaque. Minha tia me botou pra fora do "consultório" e ficou conversando com ele.
Eu estava de saco cheio daquela rotina. Fiz por quase um ano, um inútil tratamento de injeções, e bolsa quente na barriga e nas costas, e minha operação não foi evitada. Pra mim, era tudo placebo...
E agora teria mais um?
Relatei tudo à Iracema, e ela como crente, ficou fula da vida e fez um escândalo.
Me livrei do "Doutor" Tupi.
Numa ida à clínica, ela soube de uma bezendeira. Como ela não resistia a essas coisas, me levando junto, caçou a bezendeira até encontrá-la.
Uma nonagenária, que pra sua idade, bastante saudável. Sua neta deveria ter uns 20 anos.
No benzer, ela acabou manifestando a vovó Cambina, e mais uma consulta...
A benzedura deveria ser três, porém, quando voltamos na outra semana, encontramos a velhinha sentada, com a cabeça machucada, vermelha de mercúrio. A velha havia caído no chão.
Ela não tinha mais idade para fazer rezas.
Chegou o momento que minha tia não aguentou mais tanta briga, tanto disse me disse, desconfianças, acusações, quase tudo, criado por ela, por incrível que pareça!
Meu pai lhe deu férias, e ela apenas se despediu do Almir. O sobrinho que mais se parecia com ela, principalmente na sua ruindade, e falou para ele que sumiria por uns tempos. Foi o que ela fez.
A sua saída de casa, foi o início do auge da sua vida financeira e até particular. Casou-se, e virou babá de gente muito rica. Sabe, esses funcionários públicos que ganham mais de 40 mil por mês? Cada membro do casal recebia esse salário.
Minha tia até que durou muito nesse emprego. O casal até continuou com ela, mesmo com a menina crescendo e tendo cada vez mais independência, e já frequentando creche.
Isso irritou um pouco a minha tia, pois, se no início ela ganhava 10 mínimos, quando a garota completou 5 anos, seu salário era de 6 mínimos.
Mesmo ganhando muito mais que a média, ela não aceitou muito bem, e pra variar, arrumou briga com alguns parentes do casal...
Saiu do emprego, e nunca mais conseguiu trabalho. Não nos padrões que ela queria. Então ela não aceitava ou assim que o interessado via a sua carteira de trabalho e o seu último salário, desistia.
Vi minha tia cada vez mais gorda, sendo que ela sempre foi, sem dente da frente, cabelos brancos.
Sabe, sendo mulher, a imagem conta muito, até mesmo para um emprego de limpar privadas. Não adianta reclamar. O mundo é assim.
Sempre a visitava. No dia que levei Elvira, ela teve a mesma sensação que eu: Que minha tia estava passando por um perrengue pesado de dinheiro. Mal tendo o que comer...
Contudo, ela nunca deu o braço a torcer.
Serviu uma sopa de pescoço de boi, e não parava de elogiar a carne, querendo fazer nos convencer, que aquilo era melhor que filet.
Ela estava há mais de um ano sem fazer as unhas. Levei o meu estojo.
Como me arrependi...
Nunca quis nenhum obrigado. Mas essa maldita mulher ficou o tempo todo reclamando do esmalte. Jesus! Parecia que havia lhe feito uma ofensa pessoal, devido a reação exagerada dela.
Seu bar nada vendia, a não ser cachaça, e ainda por cima fiado.
Tentou vender sorvete. Isso atraiu as crianças, mas ela, mesmo sobre aviso meu para não fazer aquilo, pegava todos os sabores de cobertura que tinha e jogava no sorvete da criança, sem perguntar nada a ela.
Teve uma que fez cara de nojo e jogou fora, sem experimentar.
Ela nunca me ouviu, pois ela me tinha como doente mental, maluca. Quando lhe falei da cobertura, lhe aconselhando a perguntar ao freguês, qual queria, ela simplesmente rejeitou, na certa por vir de mim. Se outro falasse, ela escutaria...
Insisti com essa bruxa, esse ser abominável, por ser o último parente materno vivo.
Mas chegou um momento que não deu mais.
E olha que nem sempre era bem tratada na casa dela, mas vamos nos a ter ao lado espiritual.
Estava eu sentada na sala. Minha tia na sua varanda-bar, conversando com uns crentes.
Os crentes partiram, de onde estava, ela se virou para mim e disse:
_Adriana, viu esse pessoal que estava conversando comigo? Percebeu que são da igreja, não é mesmo? A moça nunca te viu, mas começou a falar sobre você.
Me perguntou se você tinha um ferro-velho, eu disse que sim, e ela falou que viu um caixão saindo de dentro dele!
Explodi em fúria. Briguei, fui embora.
Eu achava que essa parte de vidências, pra não dizer pragas de Leninha, estivesse superada, por ela frequentar e se batizar numa igreja, infelizmente, nas pentecostais e neopentecostais, existem as tais revelações...
Vai ter filho da puta dizendo que, se essa "revelação" acontecer depois de 40 anos, já passaram mais de 20 e nada, vão colocá-la como verdadeira...
Para essa gente, não há argumentos. Tão pouco para pessoas cuja alma é podre, coberta de pus, com bichos comedores de cadáveres, varejeiras e urubus em volta, como a da minha tia, também é perda de tempo argumentar.
Nunca mais a procurei.
Ela nunca mereceu o meu carinho ou até mesmo, o meu esforço em gostar e conviver com ela.
Ligou para minha casa duas vezes, e duas vezes a rejeitei, e desliguei na sua cara. Ela tinha que ser justiçada nessa vida, por alguém que tanto prejudicou, pelo menos um, entre tantos, essa pessoa fui eu.
Ok, não foi nenhum tapa na cara, um soco no nariz, um tiro na coluna cervical, uma pisada no pescoço, ela merecia tudo isso junto e muito mais. Porém, com certeza, pela primeira vez na sua vida, ela teve resposta de alguém que magoou muito, que prejudicou.
Até hoje a minha sanidade é questionada pela minha família por causa dela...
Tia Leninha partiu, comemorei, ainda estou devendo uma festa pra comemorar a sua morte.
Bem provável que nos encontraremos no inferno, como pessoa que foi e como alma que é, o diabo deve tê-la isolado, em alguma prisão, e tenho a certeza que fará que não nos encontremos. Prefiro ser pendurada pelos pés, e ter a pele arrancada todos os dias a ter que revê-la.
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