A FORAGIDA DO TRE
MOMENTOS BIZARROS DA VIDA DA ANITA
No Brasil, quando não temos eleições fraudadas, temos o candidato fraude. Tendo a consciência de que seria impossível fraudar a última, por causa da pressão popular, tentaram matar o cara.

No dia em que fui pegar o meu primeiro título, no cartório do TRE. a democracia me presenteou com o seu pior lado: a convocação.
Não tive nem chance de receber do carteiro e simplesmente rasgar.
Tive que assinar a convocação na frente do agente público.
Na época não sabia na roubada que o governo estava me metendo.
Fui trabalhar no Abeuzinho, uma escola particular aqui perto.
Foi no primeiro e único ano em que a apuração seria na própria seção de voto.
Não havia somente os convocados, havia também os fiscais de candidatos, que estavam ali para trabalhar por um candidato, a que eu conheci, trabalhava por favor mesmo, seu cachê seria almoço, lanche e café.
Havia um cara que sempre visitava as salas de cara amarrada. Muito puto. Depois fui saber que era o dono do colégio, que odiava ceder seu imóvel à democracia brasileira. Tanto que anos depois, ele se filiou a um partido, apenas para livrar suas duas escolas do julgo do TRE. Sendo que um deles o "Abeuzão" era a maior seção eleitoral de Belford Roxo.
Com a perda dos imóveis, muitos eleitores foram relocados.
Eu mesma votava no CEM, agora voto no Brizolão, perto do Bola Roxa.
A sala atrás da nossa, a turma daquela seção, sempre ia nos perguntar sobre o que fazer e como.
Assim que começou a votação, ela foi fechada e o presidente de mesa preso. Não sei o motivo. Mas eles estavam totalmente perdidos.
Voto manual, com assinatura, mas havia muitos analfabetos.
Às vezes esquecia de perguntar se a pessoa assinava, apenas lhe dava a caneta, e nesse caso o rapaz me disse:
_Minha letra é muito feia.
_Tudo bem.
Ele "escreveu" rabiscos, foi aí que saquei que o coitado não assinava.
Terminou o horário da votação. Lacrar os documentos, a urna, entregar ao responsável? Nada disso.
Era início da contagem.
Foi quando vi a incompetência do meu presidente de mesa.
O cara da seção do outro lado, terminou tudo em uma hora. E todos já tinham ido embora.
Nós não.
Beirava as 10 da noite e ainda contávamos os votos.
O presidente era interrmpido toda hora por fiscais, que danavam a "corrigir" sua votação. Um bundão.
Fugi. Mesmo sobre os gritos de um dos fiscais!! Mandei todo mundo à merda!
Estava cansada. E na outra convocação, já havia me mudado e eles não me acharam AH AH AH!
Foi uma ideia terrível do TRE.
Houve gente que largou por volta das três da manhã. Perdeu o horário de trabalho, e perdeu seu emprego.
A lei dá direito aos convocados, três dias de folga seguidos. Qual o patrão dará isso a um empregado?
Vai confiar na justiça eleitoral?
Na prática, somente os funcionários públicos usufruem desse direito, pra variar...
Por mim, apenas eles deveriam ser convocados. Eles já trabalham para o Estado, o cidadão comum o mantèm, e ainda tem que fazer papel de escravo da democracia. Uma pilantragem do caramba!
Meu título esfarelando, eu usando a carteira de identidade pra votar, para não ter que aparecer no TRE e saber que tenho algum processo nas costas.
Um dia não deu. E tive que pegar a segunda via daquela bosta.
Por graças, não tinha nada no meu nome. Deve ter caducado.
E se me convocarem de novo, pois fui obrigada a atualizar o meu endereço, não irei.



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