COMÉDIA DO PATRIARCADO PRIVADO III (acho)
A Culpa e Toda Dela!
Romão e Neinha. Um casal típico da classe média baixa beforroxense.
Ele motorista de ônibus, ela diarista.
Como todo casamento, sua base era a hipocrisia e o fingimento da parte dele, e toda verdade, cobrança e fidelidade, assim como ilusões da parte dela.
Eram vizinhos de Nora. A melhor amiga de Néia.
Nora era mulher de sapatão, como na gíria da época, "entendida", tinha uma união estável com Zoraide.
No quintal de Neia, moravam ao todo 4 famílias. A matriarca, e mais 3 casinhas dos seus filhos com seus cônjuges.
Uma vez, Mariel, cunhada de Neia, escutou uma conversa de seu próprio marido, marido de Néia e um outro cunhado.
Entre cerveja e maconha, eles estavam planejando um curro em Nora.
Eles a consideravam uma negra bonita, um desperdício de mulher, já que era casada com sapatão.
E imaginavam também, uma vagina apertada "de pouco uso" da qual nunca saiu filho nenhum dela.
Mariel foi imediatamente avisar Nora. Poderia ser apenas uma brincadeira sem graça entre homens, mas se fosse verdade?
Apesar do suposto perigo que corria, Nora ficou até orgulhosa, em saber que era desejada pelos maridos das amigas.
Muito esquisito.
Mas passou a não perambular pelas madrugadas de Bel.
Romão tinha muito orgulho das suas duas filhas. Estudiosas, obedientes, trabalhadeiras.
Infiel, como sempre, viravolta se interessava por uma novinha, quase da idade das filhas dele.
Quando era alertado que não deveria chegar perto, pois a jovem era "moça de família" e virgem.
Gargalhava , debochava e duvidava veementemente da informação:
_Essa juventude de hoje?! Duvido! São todas aprendizes de piranhas!
Quer dizer: virgens e decentes, somente suas filhas.
Um dia, todo alicerce da casa de Neia desabou. Um verdadeiro furacão apareceu por lá, e destruiu toda a estrutura do lar.
Norinha, a filha mais velha estava grávida de um ajudante de pedreiro, e Rominha, descabaçada por um cara que não queria saber de casamento.
O pai, ao saber da tragédia(?!), teve um AVC, ficou semanas internado, voltou todo torto pra casa, sua esposa cuidou dele com todo carinho, mas quando se recuperou totalmente, saiu de casa. Pediu o divorcio.
Ele culpava a esposa, pelo ocorrido com as filhas.
Nora se sentido injustiçada, desabafou:
"25 anos da minha vida jogados no lixo."
Prometeu recuperá--los.
Passou a se cuidar mais, a sair. E só arrumava homão!
Depois de alguns anos, o marido mais velho e não pegando ninguém, pediu pra voltar e ela disse não.
Feliz divórcio, Neia !
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