COMÉDIA DO PATRIARCADO PRIVADO II


O Gato


A família no melhor momento financeiro, inaugurava uma nova era: A casa ganharia chuveiro elétrico e ar condicionado. Dois dos maiores vilões das contas de luz.
Mesmo pertencendo à classe média, Simão, o chefe da família, instalou um artífice muito comum em comunidades e famílias pobres: o gato.
Para o ar e para o chuveiro, e sentenciou uma nova regra, uma cláusula pétrea para a família: Ninguém dever acionar o chuveiro e o condicionador de ar ao mesmo tempo. Antes de tomar o banho, cada membro deverá verificar se o ar está ligado, e vice-versa.

Telma e Luiza passaram o domingo inteiro brincando. São primas, e aproveitaram o quanto puderam as horas que passaram juntas. Cai a tarde, e como é comum nas casas brasileiras, era a hora do banho.
Telma a filha de Simão fez o que lhe foi ordenado. Foi ao quarto do pai, não havia ninguém no quarto, e o aparelho estava desligado.
Como é também muito comum nessa fase da infância, as duas foram tomar banho juntas.
Ao final do banho, a mãe de Telma bate na porta. A filha abre, e quando a mãe dá de cara com os vapores quentes flutuando no teto do banheiro, fecha a cara furiosamente e começa a bater na filha:
_Quer tacar fogo na casa!!
Não sabe que não pode ligar o chuveiro junto com o ar!!!
A filha sem entender nada, tentou dizer que antes do banho, o ar estava desligado; não adiantou muito...

Seu pai chegou da rua, foi direto pro quarto dormir, ligando o ar...


A Consulta



Joana estava em tratamento médico. Pré-adolescente, não entendia muito bem o que realmente estava acontecendo em seu corpo.
De início foi aquele rebuliço na família.
_Ela é mocinha! Mocinha não tem essas coisas! Esses problemas são coisas de mulher!
Passado o primeiro susto só se ouvia as palavras xisto, quisto no ovário.
Tratamento:
Todo dia ir à clínica, tomar duas injeções e meia hora de bolsa térmica na lombar e na barriga, na altura dos ovários.

Nesse dia ela saía da escola e seu irmão mais velho foi buscá-la:
_Vamos pra casa, toma banho, se arrumar, que o papai falou que assim que chegar, vai te levar para o médico.
Joana obedeceu. Nem almoçou, para não atrasar o pai, caso ele chagasse, e ela ainda estivesse com o prato na mão. Ficou na sala esperando o pai chegar.
Ele chega como um furacão. Gritando muito com seu irmão, e quando a viu, gritou mais alto ainda:
_Você quer morrer, sua filha da puta!
O que tá fazendo ainda aqui?!
Se não se tratar você morre, bicho burro!
Ela sem graça, calçava a sandália rapidamente, e muito assustada. O pai seguiu os irmãos aos gritos e xingamentos, até que ambos estivessem dentro do carro.
Joana nada falou, nada pensou. Só queria que aquele momento passasse o mais rápido possível. Seu irmão soltou uns resmungos no carro:
_Por isso que tá viúvo. Minha mãe morreu por não aguentar mais essa ignorância toda.

No dia seguinte, Joana ainda estava tristinha. Sua avó e sue tio, que presenciaram tudo que havia acontecido no dia anterior, foi falar com ela:
_Não fica assim não. Você não tem culpa de nada.
_Nem seu irmão.
_Eu estava aqui na hora.
_Eu também.
_Ele falou claramente para o Rodrigo: Traz a Joana pra cá, que quando eu chegar da rua, eu a levo.
Joana só conseguiu pensar:
“Por que na hora ninguém disse nada?”


O Pornógrafo


Não conheci um homem que louvasse tanto o pênis, o gênero masculino como Jailsom, consequentemente, o sexo.
Para ele o sexo era tão importante e natural na vida de um menino, que com seu filho, com dias de nascido, ele masturbava a criança, e quando via o pintinho do bebê duro, explodia em gargalhada.
Junior com três anos já assistia filmes pornôs da pesada. Com quatro, ele ganhou um presente em voga nos anos 80, a mão biônica. A primeira brincadeira entre pai e filho com o brinquedo foi essa: Junior levantar a saia da empregada que lavava a louça da cozinha.
E Junior fez.
Nilda saiu da casa chorando e nunca mais voltou. Sua mãe não gostou de nada disso, mas seu marido só ria.
Ele tem o costume de reunir as visitas na sala, enquanto a esposa faz companhia aos amigos e parentes, Jailsom leva o filho para um cantinho, o ínsita a masturbar-se e o leva para sala:
_Mostra filhinho, para as visitas!
Junior abaixava o short e exibia o membro ereto.
_U RÁ! RÁ! RÁ! RÁ! RÁ! AHAHAAHAHAH!!!
Jailsom explodia em risadas, as visitas sorriam amarelo.
Nem as amigas da sua filha mais velha escapavam. Vira volta o pai incitava o filho a exibir o pênis para as meninas...

Nesse dia, Junior foi passar umas horas com o filho da vizinha da mesma idade. Os dois eram coleguinhas.
Meia hora depois, Mônica, a mãe do coleguinha de Junior bate no portão muito nervosa. Entrega Junior e deixa bem claro:
_Eu não quero seu filho nunca mais perto do meu!!
“Ela disse que Junior estava tentando comer o cu do filho dela”
Palavras de Jailsom ao contar o ocorrido para algum conhecido ou parente, que novamente, sorriam amarelo...


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