O que vem depois das festas de final
de ano?
O carnaval.
Vou falar aqui o pior de todos. O que parecia ser um carnaval inesquecível, afinal, Região dos Lagos, praia, sol...
Foi o horrível, horroroso, pesadelo,
traumatizante e não foi por falta de aviso do universo!
Quando estávamos para viajar, o avô
da minha colega morre. Achei que o feriadão já era.
Mas não, ela me ligou. A viagem não
foi cancelada. O tal avô, era padrasto da mãe dela, e como estava há muito
tempo internado, a família já aguardava pelo desfecho.
E fomos.
De carro até a rodoviária Novo Rio,
com o tio da menina.
O velho me deu um fora, por entender
mau as minhas palavras, na hora de ir ao banheiro, outro desentendimento com a
“porteira”.
O universo me avisando seguidas vezes a merda que
seria o meu feriado.
Mas fui, novinha, insisti. Era uma
chance única de conhecer a região, Elaine era a única amiga de posses que
tinha, que poderia me proporcionar essas mordomias, e meu pai estava falido há
muito tempo.
Ao chegar, vi o que me esperava, a
família da Elaine não aprovava a minha amizade com ela, recebi severas
críticas, fui maltratada.
Teve também o cúmulo da vigília do
cabaço.
O tio da Elaine, um alcóolatra
contumaz, totalmente bêbado e fora de si, foi escolhido pelos adultos para nos
acompanhar no baile de carnaval que acontecia na praça.
Não ia dar certo. E não deu. Ele
brigou com a gente, fez escândalo e vergonha.
Ele era uma espécie de “cunhado
pacote”, a versão do meu tio Ito na família da Elaine. O cara que bebe, não tem
emprego fixo e o cunhado mais rico o sustenta, pois sempre terá o acolhimento
da irmã, esposa deste. Era o fracassado parasita da irmã e marido dela que mais me agredia e criticava durante os dias
de carnaval...
A cidade, assim como seus moradores e
turistas também não foram muito legais. Recebemos cusparadas de uma turma que
andava de ônibus, e gargalhou da nossa cara depois das cusparadas de forma maligna, alta de dentro do coletivo, nos encarando. Sim, fomos cuspidas do nada e sem nenhum motivo. Havia um pessoal na praia, cuja mulher sempre nos olhava de
forma fixa, com cara de nojo. Me pergunto se a forma dela nos olhar, puxando os lábios para baixo, cerrando os olhos e espremendo as sobrancelhas, não teria o objetivo de nos tirar daquele canto da praia, nos constrangia, mas não saímos dali, Uma tática comum dos cariocas com os suburbanos que visitam "a sua praia", havia realmente muito ódio e muito nojo na expressão. O fato de existirmos e estarmos lado a lado a irritava.
Não conseguimos fazer amizade com ninguém.
Seis horas da noite, enquanto acontecia a alegria na rua, estávamos
presa dentro de casa, sob o cárcere da velha o do filho dela.
Fora a eterna falta de água da
região.
O pesadelo foi a viagem de volta.
A velha cismou de viajarmos por
baldeação. Pois ela pararia em Magé para receber a pensão.
Não sabia o que me aguardava, mas foi
a pior viagem da minha vida.
O primeiro ônibus estava tão cheio,
mas tão cheio, que uma mulher desceria no ponto adiante e pediu licença ao
cara, porém o cara argumentou que não tinha pra onde se encolher, pois estava
totalmente apertado e espremido.
_Moço! Se vira! Vou descer! Eu tenho
que descer no próximo ponto!
E pasmem!
Aconteceu algo inédito até hoje.
O motorista, completamente sem noção,
não parava de lotar o ônibus, chegando a ponto dos passageiros implorar para
que parasse com aquilo, pois no ônibus, não cabia mais ninguém.
Saímos antes das sete de São Pedro da
Aldeia - nunca mais volto pra essa cidade – e chegamos em Belford Roxo depois
das cinco, sempre nesse esquema: esperar no ponto, ônibus cheio e a avó da
Elaine nos fazendo passar vergonha.
Fiquei vacinada.
II
Minha prima Elvira localizou um primo
desaparecido nosso. Não sei como, era tempos sem internet e redes sociais. E
fomos passar o carnaval na casa dele, pois era próximo à praia.
No meio da viagem, o tempo nublou,
chegando lá, fui devorada por mosquitos, não havia TV, rádio, esses aparelhos não pegavam nenhuma estação por lá, a não ser se tivesse antena especial para isso, e comércio fechado!
Ficar numa casa onde não me sinto
bem, pra não ofender o anfitrião??
Eu já vi esse filme...
Rapei fora!
Sabia do constrangimento que estava
causando, mas com toda sinceridade. O Carlos sumiu por quase vinte anos, foi
morar no mato, formou família e não avisou ninguém. Ele queria ser encontrado?
Também não procurei mais Elvira, mas
isso é cisma minha.
Bom próximo feriado!
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