MOMENTO BIZARRO DA VIDA DA ANITA

O luna park

Havia uma grande novidade na Baixada Fluminense, um novo parquinho, com atrações inéditas na região.

O alvoroço era tanto, que o novo empreendimento de Orlando Orfei abusou.
Eram tempos pré código de defesa do consumidor, ele descaradamente cobrou para entrar e para participar dos brinquedos, algo, acredito eu, totalmente proibido hoje.

Todos achavam um absurdo naquele tempo, mas a carência do povo da Baixada era tanta, que aceitou pagar por esse roubo.

Cheio para entrar, cheio para comprar os bilhetes dos brinquedos. O parque parecia um formigueiro.


Tudo ia bem. Era eu, Alex e minha madrasta Ângela.

Ele tinha uma "quase montanha russa". Cada carrinho com dois bancos, que não poderiam ficar vazios. No andar da fila, Alex se separou da gente, para o carrinho não ficar vazio. Eu e Angela fomos no outro, duas pessoas na frente, e nós atrás.

Quando saímos do brinquedo, encontramos meu pai com cara de brabo. Deu um empurrão na Angela, deu as costas, disse que ia embora e nos deixar por lá.
O que poderíamos fazer? Como íamos embora?
Ficamos andando apressadamente, enquanto ele corria em direção à saída, e nos deixar por lá.
No portão, com aquele mundaréu de gente, agarrada às grades, apreciando o parque, ele se virou para trás e deu seus poderosos gritos, arregaçando os olhos de todo mundo em nossa volta. Humilhados, continuamos, não tínhamos outra saída.
A volta foi um silêncio pavoroso.

Prometi a mim mesmo que nunca mais passaria por aquilo novamente.
Chega.
Passei + de uma  década vivendo 24 hrs nesse stress de uma hora pra outra, ser vítima dos ânimos de Seu Miro e ser humilhada na frente de visitas, fregueses e parentes, pois meu pai adorava plateia para dar seus pitis. Coisa comum da parte dele.
Nunca mais saímos juntos. Como recusava sempre seus convites, preferindo ficar sozinha em casa, ele mesmo parou de me convidar.

Nunca me arrependi.

O Luna Park, apesar do entusiasmo inicial, durou pouco. Faliu bem antes dessa onda que levou todos os parquinhos falência.
As crianças preferem apetar botões a ser sacudida, rodada, assustada como em qualquer "Tívoly Porco", nome dado as parquinhos itinerários que visitavam as pequenas cidades. no Rio, não tínhamos o Play Center, a nossa referência de grande parque de diversões era o Tívoly Parque da Lagoa, também do Orlando Orfei.

O último grande parque foi o Terra Encantada na Barra da Tijuca. Com algumas atrações comparáveis as da Disney, foi pro beleléu rapidinho. 
Até poucos anos atrás, a sucata do Luna Park ainda se desfazia no seu terreno. bem depois da morte do Orlando.

Meu, cobrar entrada e bilhete dos brinquedos??!



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog