As Copas e Eu

A copa + antiga que lembro é a de 82. Meu pai enfeitou todo o quintal com as cores do país. Era o auge financeiro da família.

Fui uma ouvinte e testemunha compulsória do momento, pois o pais por meses só falou sobre a maldita seleção canarinho.

A minha lembrança da de 86 são as folgas da escola.
Foi o ano do início da destruição nuclear e queda financeira da família, pois minha mãe morreria meses depois.
Nunca assisti os jogos com a família. Ficava sozinha no quintal brincando com sucata.

Acompanhei a de 90 pelo rádio, pois não tinha tv. E não tenho até hoje...

Em 94, tive uma síntese do que seria minha vida adulta. Assisti a final na casa que um dia foi um lar. Não havia ninguém nela. Meu pai morava em outro lugar, um irmão casado, os outros dois com suas turmas e casas. O Brasil em festa e eu sozinha naquela bolha silenciosa, decadente e assombrada.

2002 Indiferente de início. Os jogos eram tarde da noite ou de madrugada. E trabalhava. 
Com a final, fiz o meu primeiro e único churrasco para assistir um jogo da copa.

Aconteceu algo curioso.
Final, o Brasil parado, aberto somente os bares com tv. Início de jogo e aparece uma Kombi. Era um freguês querendo ser atendido.
Ou ele era muito
 burro
Idiota
Mané
Bundão de marca maior

Gente, se fosse um catador, atenderia, até mesmo um caminhão trunkado cheio de sucata.
Esse rapaz foi um dos piores fregueses que tive.
Toda semana aparecia com seu material sujo, de baixa qualidade, exigindo preço e não querendo desconto nas impurezas.
Dizia não, e ele começava a gritar:

Vai tomar no cu sua piranha, vagabunda, filha da puta, pilantra...

E tudo + que você imaginar de palavrão cabeludo e ofensivo.
Mandei ele passear, e dessa vez foi resmungando, mas sem baixarias.

Não vou falar das outras Copas. Minha vida acabou desde então...





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