O LIVRO DAS IGNORÂNCIAS MAD




Quando meu blog era em outra plataforma, escrevi sobre pessoas que fazem questão de serem antipáticas, inconvenientes ou simplesmente chatas.
Chatos, sei que muitos ou todos são ou poderão a ser em determinadas situações. Tem pessoas que não sabem que são chatas, outras sabem que são, e têm orgulho disso.
Autoafirmação?
Insegurança?
Prepotência?
Não sei e nem vou tentar explicar esse tipo de gente, pois eu não estudei pra isso. O que quero é descrever situações absurdas pelo qual passei por pessoas assim, e tenho a certeza que até o final da minha vida, passarei pelos mesmos constrangimentos, saias-justas, passa-fora em mais uma centena de milhares de vezes.
Sou o alvo fácil e preferido do ignorante, pois sou a babaca que não responde ou fingi que a monótona ou constrangedora conversa é do meu interesse. Por quê?
Sei lá. Talvez eu não saiba ser uma chata de galochas...

Não sou nenhuma santa no quesito ignorância.
Fui criada por um pai ignorante, impaciente, machista, nervoso...
O clima na minha casa quase sempre era apreensivo. A gente podia ta rindo em família até que meu pai por alguma razão qualquer explodia.
Foi a pessoa com a voz mais poderosa que conheci. Ele rindo, se ouvia a rua risada há mais de 50 metros de distância, imagine então ele gritando com alguém. Descrevi bem como ele era numa história que batizei de “O Dia em que Quase Fugi de Casa”, vou republicá-la aqui.
Por anos eu falava alto, era implacável e ignorante com as pessoas, esse era o meu “normal” e ainda é, pois eu tenho que me controlar e pensar 2, 3 ou 5 vezes para não maltratar ou destratar alguém gratuitamente. Esse era o normal em casa...
SÃO PEDRO DA ALDEIA


Estranho, né? Colocar aqui toda uma cidade como uma das mais ignorantes do país. Em sua defesa podemos dizer que ela estava cheia de turistas (era carnaval), assim...

Três carros se alinharam na pista, com pelo menos dois deles na contramão, pra quê? Para apostarem corrida.
Esses não eram chatos, eram mauricinhos irresponsáveis e ignorantes. O maior erro de todos os pais é presentear seus filhos com carros. Eles bebem, não respeitam as regras, correm, e matam a torto e a direito.
Por que os pais sempre batem na mesma tecla de que “com meu filho será diferente?”

Num dos dias que freqüentamos a praia, esse é a maior atração da cidade, tivemos a “companhia” de uma mulher que fazia questão de me encarar com a cara de nojo e aversão, além de uma boa dose de ódio.
Era de uma classe mais abastarda, talvez acreditasse que a sua cara feia me fizesse mudar de lugar...

Passeando pela cidade, havíamos acabado de sair de uma sorveteria, uma galera dentro de um ônibus cuspiu em cima da gente e riu muito de nós.

Esse passeio me fez mudar minha conduta: a de nunca mais passar longos feriados na casa de alguém, mesmo sendo convidada por ela.
A avó e o tio não foram com a minha cara e agüentei as maiores ignorâncias possíveis deles. Era menor de idade, mas poderia ir embora no mesmo dia, mas não fui. Não sei por quê...
E a volta...!!
A chata da avó cismou que deveríamos voltar para Belford Roxo por baldeação, pois no caminho, passaríamos por Magé e ela receberia a sua aposentadoria.
Nunca peguei um ônibus tão cheio em toda minha vida.
Uma mulher queria saltar, pedia licença, mas o cara respondeu:
_Moça, eu não tenho nem pra onde me encostar para dar passagem pra senhora._Ele como os outros passageiros estavam espremido por todos os lados_
_Moço, eu vou descer!! Eu tenho que descer no próximo ponto!
Foi a primeira é única vez em que vi passageiros gritando e implorando para o motorista dizendo que não cabia mais ninguém.
No segundo ônibus, uma criança vomitou, a sorte é que havia uma mulher com areia de praia num balde infantil e jogou em cima.
Nunca mais quis saber da minha amiga e nem de São Pedro da Aldeia...

 A MÃO QUE FUGIU DA MINHA


Estávamos eu e minhas primas ouvindo música na sala, quando minha tia de forma ríspida e apressada nos chamou para cumprimentar umas visitas que havia acabado de chegar.
Fomos à varanda onde eles estavam sentados e fizemos uma fila para cumprimentá-los um por um. Estendi minha mão a uma senhora e disse: seja bem vinda!
Ela imediatamente puxou a sua mão e se dirigiu a minha prima ao meu lado.
Fiquei sem graça, triste, atônita em saber onde eu errei.
Depois, ela perguntou a minha tia:
_Essa menina não estava aqui na última vez que vim, não?
_Ela é minha sobrinha, filha da minha  irmã.
_Por isso que não a cumprimentei.
Tinha 8 anos e ainda não havia entendido suas explicações, mas ri sem graça, enquanto ela me encarava sorrindo como se tivesse feito algo educado e normal.
A ignorante foi ela. Felizmente nunca mais vi a bruxa...

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Não devemos generalizar, mas o mau atendimento é regra básica. Muitos sem razão, poucos com razão. Então sempre que vou me dirigir a um membro da classe, vou pisando em ovos e em chão com fio desencapado.
“Bom dia”
“Por favor, eu gostaria de sabe”
“Você pode me informar sobre...”
“Obrigada”
Tudo num tom mais respeitoso e subalterno possível, e ainda assim...

O PAM Neuzinha Brizola de Belford Roxo na recepção, há um cartaz ensinado e pedindo boas maneiras a quem os procura. Para defender a classe, sabemos que muitos já chegam com a cabeça quente e vindo já putos de uma situação anterior.
Sabe como é ir para a porta do PAM por volta das 5 da manhã, aguardar um lugar na fila, demorar se atendido e receber a resposta que não queria?
Fui me informar sobre onde conseguir as consultas, e eles foram muito simpáticos.
Não tenho o que reclamar dos recepcionistas (ainda?)
Mas a Dona que marca as consultas...
Tudo pra ela é motivo de coice, destrato, um show muitas das vezes sem razão, simplesmente porque alguém de forma educada fez uma pergunta.
Esse não é o pior de todos.
Tentem encarar o Doutor Jorge ortopedista.
Um médico de sistema público de saúde que bate o cartão numa das cidades mais pobres da Baixada Fluminense.
Coitado, né?
Se a sua consulta superar os dois minutos, ele que já aparenta irritado e de mal com a vida, começa a olhar-te com desprezo e nojo. Vai ver que pacientes para ele devem cheirar mal...
Talvez o coitado almejasse nos dias atuais ser dono de uma clínica ou trabalhar num Sírio-Labanês como chefe da ortopedia, talvez ele achasse quando concluiu a faculdade, se tornaria um Doutor House...
É apenas um médico medíocre que odeia a vida que leva, odeia seu trabalho e odeia ainda mais os pacientes, acho que ele odeia até mesmo a humanidade como um todo.
Pobre Doutor Jorge...

DEDO NA CARA


Estávamos na sala de aula de um cursinho, quando rolou o papo de idade.
_Eu acho que sou a mais nova dessa sala! Eu tenho 17!
_A Cintia também tem 17!_Disse eu, pois havia ouvido essa informação da boca dela.
Alexandre, talvez hoje um bem sucedido engenheiro, apontou o dedo na minha cara e disse bem sério:
_A Cíntia tem 16!!
Parecia que eu havia desonrado a menina. Fiquei sem graça. Se ele tinha algum interesse na garota, nada adiantou esse surto de “guardião da honra da mocinha amada e indefesa” pra cima de mim. Ela começou a namorar outro colega de turma, o Chambinho e até onde sei, foi um longo namoro.

Coloquei aqui as ignorâncias que mais me surpreenderam, as que sofri no mundo externo, fora do núcleo familiar. Se colocar as ignorâncias que sofri e ainda sofro em meio a minha família...
E eu queria também uma crônica leve, que talvez até originasse um sorriso no canto da boca. Espero que tenha conseguido. Tem alguma ignorância que sofreu e gostaria de relatar?











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