AS SENSACIONAIS AVENTURAS AMOROSAS DA
ADRIANA!
É comum crianças muito pequenas se
enamorarem. Não é como o namoro aborrecente e nem de adulto. É uma coisa pura
de criança, nada que faça os pais se descabelarem.
Bem novinha me “apaixonava” e já tive
pretendentes.
O primeiro que me lembro foi um
apaixonado por mim chamado Cristiano, ainda no CA.
Não teve beijinhos nem nada, ele
apenas gostava de ficar perto de mim e se declarava. Foi com ele que aprendi a
escrever o número 8.
Na segunda série primária, no pátio
da escola a espera do ônibus, um lindo menino da terceira, loiro e de grandes
olhos azuis se aproximou de mim, puxou conversa e me deu de presente o seu
trabalho artístico de escola. Não maldei o gesto, mas o meu irmão maldou e
contou tudo para os meus pais.
Começou aqui a minha conturbada “vida
amorosa”. Nunca pensei em namorar o Fernando, mas por causa da língua do
Amiltom, por quinze dias diretos, fui ameaçada de coça pela minha mãe caso eu
namorasse o menino. Voltar da escola estava se tornando estressante, pois sabia
que por horas seguidas minha mãe pegaria no meu pé sobre as intenções do
Fernando.
A vida amorosa da filha até hoje é
motivo de stress entre os pais. Antigamente ainda tinha o peso da virgindade,
da reputação da filha que poderia ser questionada mesmo ela sendo ainda virgem,
afinal, não importava o que ela era realmente, e sim o que os outros pensassem
dela.
E eu com nove anos de idade, já havia
despertado as maiores preocupações e temores da minha mãe.
Ela acreditava que nos meus nove anos
eu poderia me descabaçar e fugir de casa.
A vida sexual, a educação sexual das
meninas sempre foi um problema para a família. Nesta semana ouvi de uma
conhecida a defesa dos velhos tempos (os meus) no trato da filha.
“As mães perderam o respeito, o
poder. Antigamente a filha era expulsa sempre que perdia o cabaço ou casava com
o rapaz.”
Ela defende a repressão, o cabresto,
a cadeamento da vida social da filha. As ameaças, a vigília constante dos pais
e irmãos.
Eu passei por tudo isso e não fez de
mim uma mulher melhor, “de família” ou de respeito ou pra casar.
Mesmo não namorando ninguém, eu
levantava desconfianças, suspeitas, acusações e até conclusões sobre minha vida
“amorosa”, “sexual” (eu não tinha nenhuma das duas) e meu caráter. Já que virgindade
era questão de caráter.
Voltando da rua, onde estava com um
grupo de meninos e meninas da mesma idade, conversando, rindo, brincando. Meu
pai chega da rua logo em seguida e aos berros com a sua poderosa voz, começa a
me xingar de puta, piranha, “que eu iria dar o cu para o Roni”, grita coisas
dobre “fogo no rabo.”
Se eu estivesse brincando de “salada
mista”, embora mesmo assim não justifique tamanha agressividade com gritos de
doer os ouvidos, seria uma reação esperada do meu pai. Nem isso fazia.
Estava em pé, com outros meninos e
meninas, rindo, brincando, zoando.
Mais uma vez meu irmão viu que o que
eu nunca imaginei e nunca houve e contou para o meu pai sobre o “meu fogo no
rabo e comportamento de puta na rua”.
Repararam que para a família, mulheres
são seres acéfalos, sem personalidade e poder de decisão?
A família pensa por ela e “adivinha”
suas intenções, o que define uma mulher é o que a sociedade diz sobre ela, e
não ela própria, a família e o Estado é quem sabe o que é melhor para a mulher.
Um detalhe: EU TINHA 12 ANOS
Só me interessei em menino pra
namorar mesmo na quinta série.
Outro inferno.
Minhas “amigas” detectaram meu olhar
de peixe morto que tinha para com o rapaz da minha sala e caíram em cima de
mim. Principalmente Ariane. Para tudo que eu falasse, ela introduzia a palavra
Rogério na conversa e me zoava.
Ela acabou provando do próprio
veneno. Sua amiga e stelker Cristiane a caguetou para o José André, o rapaz por
quem Ariane se apaixonou.
Aparece Cristiane com o José André no
arrasto e ela para na minha frente:
_Adriana, de quem a Ariane gosta?
Calei-me.
_Se não dizer eu falo pra todo mundo
o nome do rapaz que você gosta!
Não deu pra segurar, respondi: _José
André.
Depois veio Ariane, quase chorando,
muito triste, conversar comigo e com a Patrícia sobre a trairagem da Cristiane.
Não senti pena da minha amiga. Mas
fingi. Como amiga era minha obrigação mostrar consternamento pela Ariane.
Quanto ao Rogério...
Um dia cortei meu cabelo no estilo
“asa delta”, ele olhou pra minha cara e falou bem alto na sala:
_Cruz credo! Que corte mais feio!!
Retornando à minha carteira, Ariane
me disse:
_Bem-feito!
Bilhetes de amor recebi dois, todos
os dois foram trote. O primeiro de um boboca do segundo grau, mas nada
traumático o segundo sim.
Conhece Carry a Estranha?
Não houve sangue de porco e nem
baile, mas a escola inteira riu da minha cara. Foi um trote conjunto.
Encontro arranjado pelos amigos:
Tive dois e nunca mais.
Os amigos aparecem dizendo que fulano
tá afim, fulano quer, imploram pra que você dê uma chance ao apaixonado.
Em um deles o cara me disse na lata
no encontro:
_Eu nunca tive o menor interesse por
você, o Enéas que foi na portaria da fábrica te oferecer pra mim.
O segundo foi ainda pior,
entusiasmada e convencida de que éramos praticamente namorados, ele
simplesmente disse que não sabia de nada, que nunca comentou nada e me levou de
volta pra casa.
O comportamento em comum dos dois é
que eles me procuraram na semana seguinte, aparentando quererem algo comigo.
Dispensei os dois. O segundo, o
Líbni, foi embora com seu carro, apavorado, tremendo depois que falei toda
verdade travada na minha garganta.
Homens acreditam que mulheres gostam
e merecem ser maltratadas, para depois eles caírem de amor por elas.
Eu não sou assim.
Teve um namorado que imaginava tudo e
qualquer coisa sobre mim, e como os homens acreditam que podem mentir e/ou
impor uma situação a uma mulher fazendo com que ela duvidasse de si mesma, esse
cara não me fazia perguntas ele afirmava coisas tipo:
_Viram você entrar num mothel com
outras 2 mulheres e 3 homens!!
O que fazer nesse caso? A sandice é
toda do homem, mas se você nega o óbvio, a maluca, histérica, mentirosa e
fingida é você.
Hoje em dia não vejo o sexo como uma
necessidade inevitável a ser saciada a todo custo e acho namorar uma coisa
muito chata.
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