ESSA É PRA CASAR
Nos anos 90, no auge da bunda music,
Luciano Huck, o pai da Tiazinha e da Feiticeira, duas das maiores atrações
vazias bundísticas e sem conteúdo da história, onde no quesito baixaria, só perdia para a Banheira
do Gugu, onde o papel delas alí era incitar a masturbação masculina de um páis inteiro, na Globo
ele criou o concurso
ESSA É PRA CASAR
Uma qualificação pejorativa e
patriarcal, que até hoje ainda domina as escolhas dos homens, embora atualmente, os
critérios sejam mais subjetivos ou se quiser entender assim, democráticos.
Antes a menina pra casar, seguia uma
regra básica: virgindade. Moça pra casar não dava a buceta.
Também tinha outras regras menores,
passada de mãe pra filha, alguns “testes” de avaliação que o garoto fazia em
sua namorada durante o relacionamento, como passar a mão nos peitinhos ou uma
cosquinha naquele lugar.
Patricia, uma garota que estudou
comigo no básico do CENI, parecia ser uma dessas.
Bonitinha, recatada, não era uma
piadeira. Seu grupo era de paz, não era da turma das marrentas e implicantes.
Boas notas.
Robson, era uma espécie de “tipão”.
Eu particularmente não achava ele bonito, principalmente o seu cabelo brega bem
anos 80. Aquele corte até a altura do ombro com a frente repicada.
Ele não me atraía, mas a forma como
ele andava, todo aberto, como se quisesse exibir o que o uniforme escondia, as
pernas grossas e os braços torneadas. Era o único que não usava uma camisa
embaixo do jaleco. Gostava de exibir a barriga e o peito, e olhem, esse não era
o mais convencido da sua beleza. A única coisa que ele escondia era sua conta de macumba que usava no pescoço. Uma de suas piadeiras avisou que ela estava à mostra, e ele escondeu rapidinho. O cara era macumbeiro, mas bem diferene da beleza que carregava, tinha vergonha da sua religião ou não tinha coragem de enfrentar a zoação da escola. Ele era do Obaluaê, nação Angola, sem surpresas...
Havia um outro menino ainda pior, mas o tema
aqui é o Robson, e a virginal Patricia.
Robson o convencido de olhos verdes e
cabelos louros, poderia até ter um certo sucesso com as mulheres, mas num dia
de aula, o mundo lhe mostrou o quanto ele era desnecessário, ao menos naquele
ambiente escolar.
A professora Beth mandou a turma
criar grupos para um trabalho, e ninguém quis o Robson, ele ficou sozinho, com
um grande risco de levar um zero logo de cara.
No lado oposto da sala, duas meninas
que viviam sempre juntas também não formaram grupo. A professora encaixou os
três.
Foi um inferno. Robson não se
importava com nada e não queria participar de nada. No dia da apresentação, a
garota reclamou com a Beth e ela excluiu o Robson do grupo.
Não fez a menor diferença.
Nesse bimestre, choveram notas zero
na prova e Beth teve que rebolar para aumentar a média da turma. A maioria
apenas assinou a prova e entregou.
O fracasso do seu trabalho em grupos
foi catastrófico.
E olha que Beth era daquelas
professoras odientas. Dava pontos pra tudo e qualquer coisa, nos trabalhos, não
avaliava os esforços de cada grupo, dava pontos iguais a todos, uma bosta de
professora, pior que ela somente o Antônio Jorge.
Bem a “moça pra casar”, parece que
queria ter seu relacionamento Bad Boy.
Em uma aula, Robson recebeu de uma
outra aluna, um bilhete na sala. Todos viram. O cara fez pose para ler, e ao
terminar, levantou-se, em em câmera lenta, só faltou sensualizar para alguma lente, foi até a lixeira e rasgou o bilhete.
Perguntaram de quem era ele disse sem
a menor importância e discrição:
A Patricia.
Patricia aprendia cedo que “ser moça
pra casar”, não era garantia de nada.
Mesmo com nossas mães batendo nessa
tecla. Mesmo a gente testemunhando o descaso de nossos pais, para com nossas
mães. Mulheres que cumpriram todos os requisitos para terem um bom marido e
tiveram um casamento de merda.
Que a Patricia tenha aprendido desde
já a lição...
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