SIM, O MUNDO SE IMPORTA


Lá vem a vontade de chorar
Ninguém morreu
Ninguém me contrariou
Humilhou (não agora)
Não sinto dores.
Eu apenas quero chorar.
Preciso, mesmo sem motivo?
Deixa vir.
Ninguém tá vendo.

Começo a gargalhar.
Pulo de alegria.
Alegria de quê?
Estar vivo jã não seria um motivo para sorrir, rir?
Rindo até perder o ar, as forças, cair no chão.
Eu quero um abraço do chão.
Um acolhimento da poeira.
A risadas cessam por falta de forças.
Não consigo nem me levantar

_Eih! Cê tá batendo com a cabeça na parede!
_Faz bem!
Bato com a cabeça até abrir, e o sangue jorrar.
Minhas mãos já estão furadas pelas forças das unhas.
Minha boca sangra.
_Bate mais. Tá dando certo.
Tá mesmo.
A dor que não doía, apenas sentia, passou.
Me encolho aliviada, sentada, diminuída, encostada na parede.

_Você odeia o mundo?
_Eu não, apenas odeio a mim mesmo.
_Por que não se mata então?
_Vai faze diferença pro mundo, eu morrer?
_Terá paz.
_Não tenho causa. A não ser o ódio por mim. Castigo-me ao insistir em viver.
O mundo é falho.
_E você também...
Vitimista!

Na mesa havia opções deixadas por ele:
Veneno, revolver, forca.
Era o cara que se dizia "o mundo"
Fazendo a sua faxina.
Todo dia ele leva milhões de sujeira, lembranças antigas,
Móveis velhos. Esperança vencida.
A cada ano ele está mais radical.
Pessoas em suas mansões, jatinhos, se declaram tristes.
Mulheres belíssimas se dizem feias e ignoradas.

Não entendo.
Uma epidemia seria bem mais rápido.
A morte não queria trabalho.
"Deixe as almas doentes"
E o mundo vai pouco a pouco conseguindo seu objetivo.
Espíritos fracos, impotentes.
Orgulhosos de sua fraqueza.
Carentes de atenção.
O mundo tem feito um bom trabalho.

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