“ESCOLHEU DE MAIS”


Ainda me surpreende como as escolhas das mulheres são questionadas, assim como suas opções ainda são limitadas.
Século XXI e uma mulher só será feliz, bem sucedida, realizada ,“completa” (?) se casar e tiver filhos...

A amiga me falava que depois de décadas, reviu sua antiga diretora de escola.
O que lhe causou tamanha boa impressão, não foi o reencontro em si, foi o fato de uma senhorinha estar com seus 66 anos e continuar extremamente linda.
_Eu não dava nem 50 anos para ela!
Todavia, seu vislumbre foi ao negativo quando soube da sua situação:
_Ela nunca casou! Tão linda e nunca casou! Como isso aconteceu?

“Ela deve ter escolhido de mais.”

Solteira e childfree convicta que sou rebati imediatamente:
_Sabia que ela pode ter simplesmente optado por não se casar?

_Mas é isso. Porque escolheu de mais.
_Ela não escolheu de mais. Ela não quis.
_Talvez ela quisesse marido rico, foi por isso.
_Talvez ela não quisesse ninguém.

“Escolher de mais”
É um resumo do quanto se apequena a mulher, na sua inteligência, capacidades e obviamente, opções.
Ela “não escolheu de mais”.
Ela procurou (ou não) por um companheiro que correspondesse às suas perspectivas de realizações, companheirismo e felicidade.
Ao não encontrar, ela preferiu ficar sozinha, pois tinha certeza que homem nenhum a completava, a faria feliz e concluiu que poderia ser feliz e plena por si só.

Ela não escolheu de mais. Ela só não quis passar o resto da vida com um bosta de homem, vegetando em um casamento triste, um teatro dos horrores, onde por convenção, ela engoliria todas as suas amarguras e sorriria para o mundo na mais pura hipocrisia que todo casamento é.


E completo:
Se casa pra ter amparo na velhice, digo como testemunha ocular da vida, marido e filho não é segurança nenhuma.
Cansei de ver velhinhas sentarem na balança do ferro-velho e começarem a chorar.
Viúvas, foram expulsas de suas casas pelos próprios filhos. Obrigadas a catarem latinha na rua para ter o que comer.
Em um dos casos, o “bondoso” filho, botou a mãe pra fora de casa, mas construiu um quartinho no quintal para ela. Obrigando a mãe a pedir permissão a nora para usar o banheiro da casa em que morou por 25 anos, sempre que precisasse fazer suas necessidades.


E POR FAVOR...
Não vá se casar por prato de comida.
Vá trabalhar, sua besta!
Não se sinta diminuta porque a sua amiga casada diz que não precisa trabalhar porque tem marido.
Não é vergonha pagar suas próprias contas.
Errada é essa mulher que ver o seu casamento como um contrato de “aluguel de vagina”.



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