TABU
QUEBRANDO TABU
Lembro do Tabu na penteadeira da minha mãe. Em tempos de taxações absurdas e mercadorias proibidas de importação, (Não, eu não falo de tempos atuais!), eram os anos 70/80, Avon e Christian Gray dominava o móvel. Havia um que não foi vendido pela vizinha ou pela amiga da minha mãe.
Nesses longínquos anos, o Tabu já era o perfume da vendinha da rua, da farmácia do João. E carregava a pecha de “perfume antigo”. Cheiro de vovó. Atualmente, é cheiro da bisa ou Tata. Pois quem ocupa atualmente o posto de “cheiro da vovó” é a Avon.
Como descrever o Tabu?
Forte, entretanto, íntimo
Penetrante
Inebriante
Eterno
Tabu é um segredo.
O perfume do pinguinho no dedo, e este, toca em cada orelha.
Nunca mais vi o Tabu. Nunca comprei o Tabu. Mesmo ele custando menos de cinco reais na vendinha.
Dizem que na década de 30, era o perfume que identificava as prostitutas.
Adulta, nem pensava no Tabu. De vez em quando, quase alugava meus buracos em posto de gasolina pra comprar um importado.
Hoje nem isso. Um importado não sai por menos de 700 reais.
E ninguém pagaria tanto por qualquer buraco meu…
Entre um importado e outro: Avon. Avon é o meu Tabu. Embora eu realmente aprecie seus clássicos.
Mesmo ele sendo o perfume dos pagodes, dos trens e ônibus cheios das cinco da manhã.
Para a linha masculina, o perfume dos “cata cornos”.
Natura não vale o esforço.
Boticário também não.
Ambas as empresas abriram mão dos seus clássicos, que rivalizavam com qualquer importado, para diluí-los em água, e a partir deles, criar umas três águas de chuchu.
Recentemente vi o Tabu no camelô.
Quase invisível entre tantas mercadorias cosméticas jogadas de qualquer jeito na barraquinha improvisada. Enquanto mulheres analisavam cremes, shampoos, esfoliantes e óleos corporais, eu avistei um Tabu, no canto, separado da bagunça de mercadorias, gritos dos vendedores e disputas entre clientes. Sua caixa bem amassada.
Perguntei o preço. O atendente não sabia, certamente, ninguém perguntou pelo preço antes, se dirigiu ao chefão da banca, ele chutou qualquer preço: 15 reais.
Comprei o Tabu sem julgamentos na fila da drogaria ou desdém da caixa.
Abri, cheirei
Usei
Usei novamente
Estou usando neste momento
Tabu é uma espécie de Kouros, porém feminino. Sem o giro na cabeça, a perda de sentidos, o enjoo profundo e o nocaute (por faro), provocado por esse perfume fedorento que minha tia amava.
Continuei usando as duas gotas em cada orelha.
Ele fica, fixa, exala, você sente o cheiro, os outros também, e sobrevive às lavagens de roupas.
👇
Tabu é segredo.
Se alguém perguntar “qual o perfume," responda: Kouros ou Chanel.
Se for um leigo, ele vai
acreditar.
Quebre tabus , usando Tabu.
Saudades Eternas |
Mais coisas dos anos 80
Mais sobre perfumes: o perfume e a inveja
Pix: 21968843843
Comentários
Postar um comentário