Feliz Páscoa


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 COELHINHO DA PÁSCOA






QUE TRAZES PRA MIM?

UM OVO DOIS OVOS TRÊS OVOS ASSIM


COELHINHO MAROTO

QUE COR ELES SÃO?

AZUL AMARELO 

E VERMELHO TAMBÉM


É o dia de caça ao ovo da páscoa. Ronilson acorda cedo, antes de seus pais, teme perder a trilha deixada pelo coelhinho. Não tira o pijama, não escova os dentes, sai serelepe a procura de pistas, como um CSI, seriado que ele costuma assistir escondido dos pais, na internet, pois a TV é bloqueada para ele. Celular antigo do irmão mais velho, que lhe deu de presente para brincar com os joguinhos, servindo de câmera, pincel de maquiagem e pó compacto da mãe caso ele se encontre de frente com alguma digital do coelhinho da páscoa.


Na sala as primeiras pistas, um tanto confusas.

Marcas de patinhas de coelho nas paredes, no chão, na pia, em um canto parece que ele escorregou ao correr no chão encerado. Há vestígios de outra pata.

É a hora de usar o pó compacto e o pincel da mãe.

Parecem garras de um pássaro, e dos grandes.

As patinhas do coelho, a partir da cozinha estão mais espaçadas. Ele não pulava mais como um coelho, pareciam saltos de canguru!

Da cozinha sai pela porta dos fundos e as pistas somem no quintal.

“O coelhinho deve ta me pregando peça.” 

Ronilson acredita que tudo não passa de uma brincadeira da mítica criatura que nunca o esqueceu nesta data.

“Um gavião não poderia caçá-lo?”

Gaviões? Onde? Na poluída Belford Roxo?

Os últimos eu vi na década de 80, e eram caçados pelos criadores de galinha. Num tempo onde todas as casas tinham quintais e galinhas para criar.

Os patos sumiram; as corujas... Pássaros de porte, só sobraram os urubus.

Ronilson pensa em chamar os pais.

Porém, com seis anos, ele se vê como um homenzinho formado. Faz xixi sem ajuda da mãe, não mija na cama, limpa a sua bunda sozinho, come sozinho. O irmão se casou e partiu... Dorme sozinho sem choro!!

“O Coelhinho da Páscoa sabe disso, e só está testando minha coragem e habilidades!”


Quintal gramado e bem cuidado, as pistas praticamente somem.

“Onde o coelho poderia esconder os ovos?”

Bem, é um quintal aberto, quase um campo, com terreno totalmente plano e sem outras construções nele. 

“Tem as plantas da vovó!”

Quase um oasis em meio a um tapete de grama.

Uma mini floresta de plantas em jarros, só podem estar entre elas.

“Saudade do tempo em que ele escondeu os ovos embaixo da minha cama...”



Cavuca daqui, cavuca dali, puxa as plantas dos jarros maiores para olhar dentro e nada!

Ronilson quer chorar, lágrimas encharcam suas vistas, antes mesmo de começar a escorrerem, espreme os olhos contra as mãos, engole dolorosamente o choro e reconfigura a mente, trazendo-a de volta a racionalidade.

“Eu sou um homenzinho

Sou um homenzinho

Homenzinho!

Homenzinho!”


Um estalo.


“A garagem do papai!”

O seu portão não é trancado, pois ele não fica de frente pra rua. É dentro do quintal, colado a casa.

Não é trancado, mas é pesado.

Com um esforço hercúleo ele levanta o portão.

Vasculha os cantos e nada. Só falta olhar para debaixo do carro.

Curva o corpinho, escuta cacarejos e barulhos de bicos batendo em uma coisa dura, vê sangue...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!

Galinhas fogem, e milagrosamente alçam vôo assim que saem de baixo do carro.

Uma delas irritada com o grito e a choradeira do garoto, pula em cima da criança, finca suas unhas na cabeça e tenta bicar seus olhos.

Havia muito ódio da galinha pelo garoto.

Quando percebe que pais apavorados saem a procura do filho, ela foge, por pouco a mãe não bate de frente com a ave. Que voa pra longe.


O pai ainda olha um bando a tomar os céus. 

Galinhas selvagens por aqui??!!

Logo abandona as dúvidas e a surpresa. Prioridade é o filho que não para de chorar, não permite que a mãe o pegue no colo.

Aos berros, pula de nervoso e aponta para debaixo do carro.

Seu grito só aumentam, chega um momento que ele engole o choro, o pai lhe dá um tapão nas costas, para evitar que o filho desmaie.

_Cucucucucucuuc..._Ronilson apontando para baixo do carro, ainda sem fôlego por causa dos gritos e do choro_

_Olha logo pra debaixo do carro, mulher! Descubra o que esse menino viu e o deixou desse jeito!!

A mãe se ajoelha e depois curva o corpo.



Um coelho morto, todo retalhado com suas entranhas expostas vazando sangue como uma cachoeira ao seu lado uma cesta derrubada e ovos de chocolate destruídos...

 

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