A PIOR PIZZARIA DO MUNDO
Em Breve, Um Mundo Sem a Pizza Como a
Conhecemos Hoje.
Meus pais simples, não tinham o
costume se sair.
No máximo visitar um parente e, se a
gente enchesse o saco deles por quase um mês, ir à praia...
Éramos convidados para casamentos,
aniversários, mas eles nunca iam. A não ser se fosse um casamento ou aniversário
de parente.
Meus pais eram bem na deles, e
desconfiados. Lembro-me de uma antiga
empregada que veio nos visitar, passou o dia inteiro com a minha mãe
conversando, fazendo companhia para ela, naquele lugar isolado que era o sítio.
Fez questão de se despedir de mim ao partir.
Assim que ela se foi, minha mãe
retomou aquela cara amarrada de sempre, e de forma bem desprezível, falou:
_Veio aqui atrás de presente!
E não fomos.
Não posso dá certeza se eles, como
casal saía.
Eu não me lembro de esperar meus pais
em casa.
Nunca saiam juntos. Ou saia minha mãe
ou saía o meu pai.
Com a morte de D. Aparecida e o
devaneio das minhas tias quererem assumir o cuidado dos seus filhos, levando
meu pai, um homem completamente despreparado a lidar com a própria família a
afundar ainda mais o nosso lar com a tirania (via “mediunidade”) e a maluquice das irmãs.
Foi Tia Nair que cismou que a gente
deveria sair nos finais de semana.
Pela primeira vez conhecemos a
churrascaria e a pizzaria.
Foi num desses passeios que aconteceu
recorde, que duvida que tenha acontecido antes, tão pouco depois. E não deve
acontecer nunca, ainda mais em tempos de internet.
Meu pai, minha tia, eu, Alex e minhas
primas e meu primo Luciano iríamos comer uma pizza no Center Nova Iguaçu.
Guardadas as devidas proporções, era
o mais próximo que tínhamos no conceito “shopping”. Embora lembrasse muito mais
uma grande galeria.
Iríamos comer na pizzaria do namorado
da Elvira, era a oportunidade da minha tia conhecer o candidato a genro.
Feita as apresentações, sentamos na
mesa que ficava fora da pizzaria (pequena), a maioria das mesas eram do lado de
fora.
Uma jovem veio nos atender.
Não lembro o que aconteceu, mas Tia
Nair falou umas coisas para a jovem que
veio nos atender. Ela deu as costas e saiu quase correndo se afastando de nós.
Tia Nair poderia dar má impressão
para quem a via pela primeira vez. Sua voz forte, alta, ríspida e a capacidade
de falar umas verdades pra quem quer que fosse, sem piedade...
O Center possuía três cinemas. Algo raro
para a década de oitenta, pois ainda havia muitos cinemas de rua em
funcionamento.
Um deles exibia a comédia que lançou
Woop Goldberg em terras brasileiras: Salve-me Quem puder
Alex queria ver, então meu pai, minha
tia e Alex foram assistir. E nós ficamos a espera da pizza.
O namorado da Elvira reapareceu puto
reclamando da sogra que havia acabado de conhecer.
A garçonete foi chorar pra ele na
pizzaria.
O filme acabou; minha tia, Alex e meu
pai saíram da sessão e nada da pizza aparecer.
Eles foram para outro lugar.
Elvira percebeu que algo deveria ser
feito, e depois que ela conversou com o namorado dentro da pizzaria, a pizza
chegou, mas não entregaram os talheres.
_Como a gente vai comer?
_Isso tá cortado à francesa, é pra
pegar esses pedaços no palito!
Detalhe: Ninguém pediu a pizza
cortada à francesa.
Elvira depois a explicação e defesa
do seu namorado pegou o palito e não conseguiu separar o quadradinho.
Pedimos os talheres e eles foram
jogados na nossa mesa.
O fechamento do caixão dessa
tenebrosa noite foi comigo. Tentando cortar a pizza mais dura que pão
amanhecido, no esforço de cortar, o pratinho acompanhou a faca e caiu no chão
quebrando.
O Center estava nos seus tempos
áureos, tão cheio quanto um formigueiro, o vozerio...
Todo ele se calou e todos se viraram
pra nossa mesa.
O namoro da Elvira com esse cara, não
durou muito, uma vez tentando relembrar a terrível noite, ela nem se lembrava
do cara mais.
Com a construção do Top Shopping, o
Center entrou numa fase de ostracismo, seus cinemas abandonados. Os seis do
shopping eram muito mais confortáveis, (cadeiras acolchoadas e inclinadas, diferentes da de madeira e do chão reto) e não tinha essa de deixar as pessoas
entrarem para ver o filme até não cabe mais ninguém No center, quando acabavam
as cadeiras, as pessoas ficavam em pés nos corredores, sentadas no chão ou no colo de alguém sentado. Coisa
típica de cinemas da época.
De uns anos pra cá a galeria passou
por mudanças e se revitalizou.
(Não sei como está agora, nesse mundo
pandémico.)
Como foi a primeira vez que a gente comia
uma pizza e numa pizzaria. Até então, tudo que tínhamos experimentado era a
horrenda pizza de sardinha, com massa comprada em mercado. Não estranhamos a demora e não tínhamos ideia
da má vontade do namorado da Elvira para conosco. Ele foi grosso com a própria
namorada, pois ela estava com a gente e também esperou mais de duas horas a pizza.
Atualmente, se uma pizza demorar uma
hora para ser entregue... coitadinha da pizzaria.
E me desculpe os empresários, talvez
seja consequência do mercado fechado (muito mais fechado que hoje) que tínhamos
no Brasil, e pelo baixo poder de compra e de voz, o cliente era tratado pior
que bicho pelos estabelecimentos.
Éramos mau atendidos, ignorados...
Precisou do Código de Defesa do
Consumidor para o empresário praticar o óbvio: O respeito ao cliente.
Empresários o detestam, de certa
modo, concordo, em vez de criar leis, deveriam simplesmente abrir o mercado e
não dificultar tanto a abertura de negócios. Passamos também uma década e meia
inteira sendo castigados com inflação e planos mirabolantes que afundaram
nossas economias e dificultavam ainda mais a vida do brasileiro.
Com a internet, acredito que o CDC
caduque. Mas isso não será agora. O Brasil é viciado em juspositivismo. Tudo
tem que estar na lei, e esse STF tá criando leis que estão amarrando cada vez
mais a vida particular do brasileiro.
Fora a escalada mundial pelo controle
da população.
Liberdade é um direito(?)
Deveria, mas nunca foi.
De tempos em tempos, a humanidade
teve que ir pra guerra por ela.
Hoje não há espadas. Há leis de
controle totalitário com a desculpa de um bem coletivo e antes dela, houve toda
uma lavagem cerebral das crianças.
Gente tolerante cuspindo na cara dos
outros, movimento pela vida matando gente, fomentação pelo ódio ao diferente.
Tempos sombrios se aproximam.
Não será vírus apocalíptico, não será
guerra.
Os que condenam seu churrasco hoje,
amanhã estarão comendo o seu bife de cordeiro, enquanto tu trafica calabresa e
queijo de leite e come escondido com sua família, trancada num sótão, para não
ser preso por ajudar na “destruição do planeta”.
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