COMÉDIA DO PATRIARCADO PRIVADO IV(?) OU V(??)

Dá Pra Mim, Sua Piranha!



Justiniano ou Tianão, era um cara que vivia de consertar televisão, aparelho de som, ventilador. Alugou o antigo imóvel da família Cancius, que era um pequeno bar, e iniciou a sua vida financeira.
Era um mulato, de cabelo afro, bem cortado, e sempre havia a presença de um bigode enorme, daqueles que daria para pentear  tranquilamente ou até fazer uma escova de salão com ele. O bigode espesso, formava um arco que envolvia a boca, até a mandíbula.
Alto, bem alto, quase dois metros, mas não era nenhum marombeiro. Suas coxas e braços eram grossos graças a genética, sua barriga era saliente, porém não escandalosa.

Ninguém sabe de onde veio, pagou seis meses de aluguel adiantado, e sua lojinha logo se encheu de aparelhos.
Em tempos em que se comprava um ventilador Faet em 12 ou 14 prestações, isso, quando se conseguia o quase impossível crediário, comprar coisas novas, quase nunca era a opção do brasileiro.
O regime era de consertar, consertar, consertar, consertar, até chegar ao ponto do conserto custar mais que um aparelho novo ou quando a eletrônica chutava o balde e dizia que não tinha mais jeito.
Não existia mais peças de reposição do aparelho, e as gambiarras não funcionariam mais.

Brincalhão, falava uma sacanagem... Coisa normal entre os homens.
Na sua lojinha, sempre havia homens, Quase sempre eram os seguranças da rua.
Pouco a pouco, Tianão foi se soltando, se sentindo à vontade e mostrando para todos quem ele realmente era.
Toda semana havia um cliente revoltado, pois sua TV, desde o primeiro conserto da sua loja, nunca mais parou de visitar a eletrônica do Justiniano.
Justiniano consertava, fazia um desconto, e um mês depois, a TV voltava de novo.
Na sua eletrônica, havia muitos videocassetes. TVs para época, gigantes. Diferente de outras lojas, onde o comum era sintonizar uma rádio qualquer ou uma gravação com músicas e propaganda da mesma, Tianão fazia diferente.
Alugava os mais cabeludos, porcos, explícitos filmes pornôs, colocava no último volume e os assistia com a TV, sempre a maior da loja, virado para a rua.
Mulheres passavam xingando, outras atravessavam a rua, algumas de cabeça baixa.
Os homens presentes, rindo. Os homens passantes, paravam alguns minutos, assistia, sorriam e continuavam a caminhada.
Se alguma mulher chegou em casa,ofendida e foi reclamar com o marido, não houve resultado.
Mesmo por quê, os poucos que apareciam para defender suas mulheres e até filhos desse constrangimento, davam de cara com dois homens armados, rindo muito do que assistiam, os seguranças do depósito de gás.
Vencido os seis meses, Tianão nunca mais pagou o aluguél direito. Ficava sempre devendo 3 ou 4, e como se tivesse dando alguma esmola, pagava um mês de aluguel para a família.
Eles estavam de saco cheio do inquilino, mas eram de paz. Tentavam convencer Tianão na conversa, que enrolava, enrolava...

A única mulher a frequentar a eletrônica de Tianão, era Alandra. A namorada de um dos seguranças do depósito de gás.
Ela não tinha vergonha dos filmes pornôs.
Assistia junto com os homens, sentada no colo do namorado.
Alandra tinha orgulho do que era.
Ou do que imaginava ser.
Jovem, bonita, gostosa.
As más línguas diziam que a fascinação dos homens por ela, é porque ela dava a buceta.
Isso ela não escondia de ninguém.
Pelo contrário, no papo entre mulheres, Alandra sempre falava das suas aventuras sexuais, posições do kama Sutra que sempre fazia, e dos lugares inusitados onde fazia amor.
Quando a mulherada se encontrava, virava aquela competição, afinal, ninguém queria ficar por baixo.
A Ana, apesar de casada com um bundão, dizia que namorou todos os ricos da cidade. Bastava citar um empresário bem sucedido na conversa, e ela dizia que namorou o rapaz.
Alandra rebatia falando dos elogios que recebia dos homens que a admirava.
"Eu fui comparada a Vera Fisher!"
Cara, aqui entre nós: Não tinha nada a ver. O cabelo loiro da Alandra era oxigenado, seu peito era caido, ela só era uma magra que usava shorts fio dental e miniblusas.
Lucia, a virgem de 32 anos, apenas escutava...
Lucia, coitada, ninguém levava muito a sério a sua virgindade. Ela nem fazia questão de provar nada, como confessou a sua situação a uma amiga, o bairro inteiro ficou sabendo.
Talvez, em tempos de internet, ela conseguisse lucrar alguma coisa.
Quem não acreditava em sua virgindade, atestava que ela sera sapatão, mesmo nunca tendo visto-a ao lado de mullheres gays ou em boates similares.
Lucia era apenas uma vítima das circunstâncias e da repressão dos pais e marcação dos irmãos.

Alandra não trabalhava, mas fazia uma faxina aqui ou ali. Fome não passava. Sempre tinha um homem pra pagar cerveja e petiscos.
Há quem diga que ela se prostituía na boca por drogas. Pagava o pó com chupadas e sexo anal.
Quando não estava na eletrônica, passeava com sua minirroupa, quase um desfile de bunda empinada, a cada dois passos, 3 conhecidos homens falavam com ela.
A noite ficava no portão, mexendo com os motoristas.

Nos dias atuais, acho que Alandra seria uma especie de "empoderada". Dar pra qualquer um, quando quer, onde bem entende. Sua vida sexual era livre.
O funk da Valeska poposuda definiria muito bem a sua filosofia de vida:
"A porra da buceta é minha!"

Com tantos homens aos seus pés, com um fã clube fiel, como ela mesmo dizia e fazia aparentar nas suas conversas, nas poucas vezes que se envolveu com um cara pra valer, a ponto de morar com ele, se deu muito mau.
Só arrumava homem que enchia a porrada nela...

Campreste, o seu atual namorado, parecia ser o cara ideal. Carinhoso, lhe dava presentes...
Mas era casado!
Não sei se ele chegou a fazer alguma promessa para ela, ou lhe falou as mentiras de sempre, que homens contam para suas amantes:
"Que não fazem mais sexo com suas esposas."
"Que só está com ela por causa das crianças pequenas."
"Que sempre que toca no assunto divórcio, a esposa tenta se matar."

Houve uma festa no batalhão do Campestre. E Alandra apareceu e tentou contato com a esposa do cara e os filhos dele, levantando suspeitas da patroa.
Quando se reencontraram, no carro, Campestre dizia que estava tudo terminado. Alandra abriu a porta e se jogou...

Não adiantou muito.
Ela agora frequentava a eletrônica do Tianão sozinha.
Campestre sempre evitava esbarrar nela. Não saía de dentro do depósito.
Tianão, sabendo da situação de solteira de Alandra, começou a boliná-la, na cara de pau.
Em meio a mais uma exibição de filme pornô.
Quando Alandra sentiu o pau duro do cara enconstando nela, deu um tapa nele.
Tianão se revoltou na hora:
_O que foi, Alandra? Vai fazer doce logo comigo?
Cara, ele a agarrou a força, Alandra gritou muito, mas os vizinhos, os pedestres, se fizeram de surdo.
Foi quando ela mordeu o seu pescoço, quando ele, ja de baquilha aberta, lhe enfiaria o pênis na sua vagina.
Alandra arrancou um naco e cuspiu fora.
Tianão, agonizando de dor caiu no chão.
Alandra perdeu o próprio controle.
Parecia dominada por uma entidade de fúria e força.
Pegou todas as TVs, seja de tamanho fosse, e as jogou na rua, em seguida, os aparelhos de som e videocassetes.
Tianão de início gritava pedindo para parar, quando conseguiu se levantar e partiu pra cima dela, ela deu um chute so seu saco, seguido por um soco no nariz.

Aparece correndo uma mulher grávida.
Era a esposa de Tianão, parece que conhecidos foram avisar do que estava acontecendo com a eletrônica so seu marido.
Alandra já estava mais calma.
_Sua piranha, vagabunda! Vou te botar na cadeia! Vai pagar por tudo isso!
_Olha, quem tentou me estuprar, foi ele.
Você é a esposa dele, né?
_Sou a esposa e com muito orgulhos do meu marido!! Vagabundas como você são tudo mal amadas! Vive de oferecer a buceta pra homens dos outros!
_Você é aquela que quando ele enfia o dedo no seu cu, tu vai ao delírio e até o neném na barriga pula?
Sofia, surpreendida com a pergunta (retórica) de Alandra, finge não ser com ela,  e responde:
_Tá me confundindo com mulheres como você, piranha suja!!
_S-Sofia, esquece, arruma um carro, preciso de um hospital...
Justiniano, querendo cortar o assunto entre as mulheres.
_Bem, ele disse que essa mulher era a esposa dele, e que ela ainda tinha dois mamilos e um grelo gigante que ele mastigava como chiclete...
Fala Alandra como se falasse para uma terceira pessoa, apontando o dedo para Sofia.
Ela dá as costas. Deixando Sofia muda, paralisada e de olhos arregalados.
_S-Sofia... Me ajuda, chama uma ambulância, por favor.
Ela se levanta.
Olha com desprezo o sofrimento do marido.
Chuta-lhe a cara, quebrando o seu pescoço, o matando na hora.
Foi pra casa, fez as malas e sumiu.
Demorou algumas horas para que curiosos parassem em frente a eletrônica. Chamaram os bombeiros, mas Justiniano já estava morto.
Enquanto era levado pelo rabecão, clientes choravam e/ou xingavam o morto pelos aparelhos perdidos.


Alandra, que nunca teve raízes, pegou uma carona na Dutra e nunca mais apareceu.
Mais de 20 anos se passaram, dizem que ela administra um luxuoso bordel, cuja dona, falecida, lhe deixou de herança. Ela cuidou da velha prostituta até a morte.
Dizem também que seu nome atual é Selma. Contudo, isso são puras especulações.
Sofia voltou para o Acre, onde tem família. Quem vai achá-la por lá?


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