A DAMA DOS CARMAS (KARMAS?)

Rose é uma mulher baixinha, magrinha, oxigenada, de voz suave, calma e delicada.

Talvez, essa delicadeza tenha facilitado tantas confusões a sua volta...

Era comum a mulherada cismar de querer bater nela.

Vamos às historinhas:

Conheci a Rose através da Paula. As duas namoravam dois bandidos de uma mesma quadrilha.

Giovanni e Marinho.

Giovanni conheci através da Paula. Ela falava muito dele.

Foi meu irmão Alex que o conheceu primeiro e me deu um certo alerta.

Giovanni gostou tanto do Alex, que o convidou a fazer parte da quadrilha dele. Eles eram ladrões de cargas.

Sabe o que é ser convidado pra fazer parte de uma quadrilha? É quase uma maçonaria!

Um grupo praticamente composto de somente homens, que possuem uma vida paralela em segredo, que somente os convidados podem fazer parte dela.

A partir daí Alex se afastou.

Como Giovanni e Paula nunca me disseram nada, fiz-me de desentendida e aceitei a sua amizade. Não era nada íntimo. Mas hoje penso nos riscos que corri ao sair com esses caras.

Quem nunca soube de uma chacina, onde o alvo era uma reunião de bandidos em uma festa ou bar qualquer, e morreu até quem não tinha nada a ver com a situação?

Morreu porque estava na mesma mesa, no mesmo bar ou na mesma casa de praia...

Eu era uma completa sem noção!

Todavia...

Verdade seja dita!

Quando meu irmãos foram presos, na pior crise que passamos com a polícia, por acaso ele estava também, detido na mesma delegacia.

Giovanni era um “preso vip”, que pagava caro aos policiais civis por um pouco de conforto.

Ao ver o meu irmão, ele levou para sua “carceragem-suíte”, e podemos pagar um pouco de conforto ao Almir, de forma mais barata, mas ainda era caro!

E quem me apresentou um advogado sério, verdadeiro, não o bostinha ladrão e corrupto que minha prima trouxe, foi o escroto do Marinho.

Lembro que fui falar com ele à contragosto, Paula me chamou, e disse que ele queria falar comigo.

Eu já havia falado com ele, não queria conversa.

Vivia chamando Amanda de “minha piranha” na frente de todo mundo_coisa que estranhei, pois Amanda sempre foi braba, batia de frente com todo mundo, mas com esse cara, era uma gatinha manhosa_

E eu, que nunca dei confiança pro escroto, falou pra turma dele que, se quisesse, me comeria quando bem entendesse.

Amiga, quando me contaram a merda que ele falou de mim...

Esperei ele reaparecer no ferro-velho e mandei a real.

_Não fale comigo. Nunca me dirija uma palavra!

No momento, lembro que o João, da falecida Reis e Filhos, me alertou sobre a prisão abusiva e totalmente fora da lei que meus irmãos sofreram, mas eu, nervosa, só queria vê-los livres, e confiei no picareta do Telso, que poderia ter anulado na mesma hora a prisão. Mas preferiu trabalhar ao lado dos policiais civis, para ganhar um dinheiro (meu) por fora.

Marinho me apresentou o advogado da quadrilha.

Foi nessa crise, que conheci melhor a Rose. O ferro-velho ficou uma semana com policiais 24 horas dentro dele.

Alguns eram legais, outros na dele, teve o sério que fechou a cara, o loirão que foi para o ferro-velho muito puto numa sexta-feira à noite, mas não deixou de tirar o seu. Fez uma blitz “não oficial” em frente ao comércio.

Entre eles o Fernando.

Uma vez me disseram que ele era satanista.

Sabemos que essas definições vem com muito preconceito e ignorância carregados.

Não era problema meu. Considerei o fato(?), uma fofoca, curiosidade.

Ele se interessou pela Rose, os dois engataram um romance.

Passado uma semana, o ferro-velho livre. Entro

 em minha casa, e ao passar pelo meu quintal, vejo um churrasco improvisado. Presentes: Giovanni, Marinho, as irmãs Paula, Amanda e Andreia, e uns amigos do Giovanni, provavelmente companheiros de fé e luta(...)

Rose estava trocando beijos apaixonados com Marinho.

Estranhei, mas não cabia a mim julgar ou emitir uma opinião.

Enfiei-me em minha casa e não saí de dentro dela.

No dia seguinte...

Aparece Fernando.

Parte da trupe marcou de sair.

Rose chegou depois.

Minutos depois, Rose aparece na minha porta, pedindo um cigarro. E partiu sozinha.

Nunca fui amiga dela. Sempre foi uma “conhecida”, com quem trocava amenidades. 
Assim, soa bem estranho o fato de ela bater em minha casa.

Afinal, Paula, sua nova melhor amiga, também fumava.

Talvez quisesse conversar, mas não dei muita trela.

No dia seguinte aparece Rose.

Encontro ela chorando na frente do Almir.

Almir, o “amigo-irmão” de Paula, entregou tudo. E eu soube o que realmente aconteceu.

Adreia, a irmã de Paula, contou para o Fernando o chifre que a Rose lhe botou no churrasco no dia anterior.

Quando Rose chegou, ele já estava mordido, olhando ela com ódio, e terminou o namoro com ela, na frente de todos que estavam ali presentes. Humilhando-a.
Assim que ela partiu, as irmas saíram com seus homens, e Andréia iniciou um namoro com Fernando, nesta ocasião.

A Rose tem um bom coração.

Meses depois, procurou a amiga, até me surpreendi com ela sentada na mercearia do Seu Farias, a espera de Paula pra beber cerveja.

Disse um “oi” com bastante surpresa. Ela sorriu e respondeu ao meu cumprimento.

E sabe o final da história?

Fernando terminou com a Andreia, pra voltar com a Rose!

A paz de Rose durou pouco.

Seu problema agora seria com uma outra irmã de Paula, a Amanda.

A mulher além de escolher namorados que lhe metiam a porrada. Também cismava em meter a porrada ou até facada em outras mulheres, por ciúmes dos homens merdas que ela arrumava.

A vítima da vez foi a Rose.

Infernizava a coitada, sempre que ela aparecia. Queria bater, enfiar a faca, xingava... O diabo.

Uma vez, cismamos de fazer um amigo-oculto, o namorado dela me tirou e ficou todo assanhadinho, eu sem saber de nada, virei vítima dessa sociopata.

A outra história sinistra envolvendo Rose, foi quando uma família que morava na avenida, estava sentada no portão. De repente eles entraram pra dentro apavorados.

Disseram que parou um carro, perguntando pela Rose, e que mais tarde eles voltariam para acertar as contas.

A família ficou tão apavorada, que pediu desculpas à mulher e se trancou na sua casa. Arrastou todos os móveis contra a porta, lacraram as janelas e não saíram mais de dentro dela.

Gente, eu passei por tanta coisa...

Ao saber, fui dormir normalmente.

Não sei se era lerda ou se não tive a tal “intuição” de acreditar que algo ruim estava pra acontecer.

Uma D20 da polícia militar com, o Fernando dentro, ficou de guarda a noite inteira.

Essa não foi a última encrenca com o nome dela.

Teve outras, menos cabeludas. Uma vez zoei a baixinha:

_Rose, o que que tu tens, pra todo mundo querer te bater e lhe enfiar a porrada?

_Não sei. Só vivo a minha vida e quero que parem de tomar conta dela.

Paula se mudou para um conjunto do Minha Casa Minha Vida, e nunca mais vi Rose.

Que ela tenha sobrevivido até hoje...