O NINHO
Eram meados dos anos 90. Malhava em
São João de Meriti, na academia Ritmo. Onde eu fazia musculação. No horário em
que cheguei, acontecia a aula de axé music.
Aquecia o corpo na bicicleta. Estava
entre duas senhoras, na época, mais velhas que eu.
Foi quando na nossa frente, sobre o ritmo
da música que dominaria o resto da década, um jovem rapaz, entre 18 e 20 anos,
começou a rebolar enlouquecidamente.
Eu nunca vi passista, tão pouco,
mulata do Sargentelli com as cadeiras mais soltas que a dele.
Ele rebolava muito, numa velocidade,
jamais alcançada pela tal mulher jacOOPS! Melancia...
Duvido que o Flash, personagem dos
quadrinhos, capaz de vibrar as moléculas
do corpo, mais rápido que a velocidade da luz, rebolasse tão rápido, quanto a
bunda desse menino, que se abaixava até encostar o chão.
Como se não bastasse isso. O rapaz
parecia enlouquecido, em transe.
Suas caras e bocas eram assustadoras!
Nem a mais surreal das pornochanchadas,
nem o mais podre dos filmes pornográficos, nem a mais entusiasta mulher pelo
sexo, nem mesmo se ela estivesse fazendo sexo com o deus do amor, Eros, nem a
mais bem paga das atrizes pornôs tão pouco nem mesmo, sequer a mais apaixonada
das mulheres, faria e nem mesmo conseguiria fingir fazer as caretas que o rapaz
fazia, reproduzia, repetia, algo que até hoje nunca mais vi igual.
Eu, junto com as outras duas mulheres,
ficamos constrangidas em assistir o vergonhoso “espetáculo” o “êxtase” o “orgasmo”
o muito mais que entusiasmo do rapaz.
Chegamos a acreditar que o rapaz
fosse homossexual.
Acreditamos que ele seria uma exceção.
Que seria uma moda passageira.
Não era não.
Não foi.
Era o inicio da maior decadência
cultural e de valores, jamais inimaginável, que acometia o Brasil.
É o Tchan
o
Axé music
Foi apenas o ovo da serpente...
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