LÁGRIMAS DE CROCODILO
Ele era um filho que sempre
maltratou os pais. Odeia os irmãos, detesta sua família.
Com a minha mãe resmungava as piores
respostas, para ela ouvir: "vaca velha, bruxa, gagá, maldita."
Roubava
descaradamente Dona Aparecida, de dinheiro na carteira a objetos, para gastar
com outros e para presentear outros. Um filho maldito, ingrato e tudo de ruim.
Eu tinha 12 anos quando minha mãe faleceu.
Noviça nas experiências da vida, ainda assim estranhei a reação dele.
Amiltom depois de presenciar a
morte da mãe, ficou sofrendo calado com seus amigos no seu quarto, eu chorava,
brincava, chorava... Não me lembro do que foi feito do Alex, o caçula. Contudo,
sentencio: Ele, o maldito, foi o que mais chorou. Passou até mal no velório.
Achei suas lágrimas tão fingidas, tão
falsas.
No enterro da minha tia Nair não foi
muito diferente.
A filha que gritava horrores para mãe
e ameaçava de forma consciente e fria que:
_Se meu pai morrer primeiro, no dia
seguinte te boto na rua! Nessa casa você não fica!
Era a que mais chorava.
A exceção era a minha tia Zuzu, que
chorava tanto que os presentes temeram a sua morte em meio ao velório. Morreu
um mês e meio depois...
As lágrimas de Zuzu eram sinceras.
Eu sei.
Eu não estarei mais presente.
Será apenas os meus restos mortais se
apodrecendo numa caixa de madeira.
Nada verei
Ouvirei
Sentirei
Ainda assim...
Peço, rogo que me poupem dessas
falsidades.
Jogue meu corpo na vala.
Doem à ciência
Cremem!
Façam o que tiver de ser feito!
Evitem o meu velório!
Se não puderem evitar, não
compareçam.
Prefiro um velório vazio, sem ninguém
presente, do que essas falsidades revoltantes que sempre fazem questão de
marcar a sua presença em um enterro com o seus showzinhos de fingimento,
mentiras e hipocrisia! Não amigos, não acreditem em arrependimento dessas
figuras nojentas, desses seres de alma imunda.
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